domingo, 11 de setembro de 2016

CINE TROPPO - SEMANA DE 03/12 A 09/12/15

Cine Troppo
Marco Antonio Moreira Carvalho


Woody Allen – 80 anos

Woody Allen é um dos maiores diretores do cinema. É um artista polêmico e inteligente que tem uma longa carreira como roteirista, ator e diretor. Muitos não gostam do seu estilo, mas é inevitável considerá-lo como um símbolo constante de inspiração. Allen, que se chama Allan Konigsberg, iniciou sua carreira no cinema em 1965 e seu primeiro filme como diretor foi “Um Assaltante bem Trapalhão” realizado em 1969 e que iniciou uma sequências de filmes que progressivamente foram impressionando crítica e público. A primeira fase da carreira de Allen foi de sucesso de público. Comédias como “Bananas”(1971), “Tudo o que você queria saber sobre Sexo”(1972), “O Dorminhoco”(1973) e “A Última Noite de Boris Grushenko”(1975) tiveram ótimas bilheterias.

Allen demonstrava sua inteligência em histórias divertidas e com ironia pra criticar tudo e todos em diálogos impressionantes. Mas com “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”(1977) que prefiro chamar “Annie Hall”, sua carreira mudou. Após realizar um de seus melhores filmes, a ironia e o humor de alguma forma se transformaram. Como fãs de cineastas mais autorais como Ingmar Bergman, Federico Fellini e Michelangelo Antonioni, Allen iniciou uma fase brilhante depois de “Annie Hall” com “Interiores”(1978), drama familiar com narrativa semelhante aos filmes de Ingmar Bergman. A crítica e principalmente o público estranharam essa mudança, mas essa alteração veio para solidificar seu talento em escrever dramas e comédias com a mesma profundidade, inteligência e sensibilidade.

Allen nunca abandonou a comédia, mas desde “Interiores” existe uma alternância de gêneros na sua filmografia e nos anos 80, tivemos o privilégio de assistir grandes filmes de sua autoria como “Zelig”(1983), “A Rosa Púrpura do Cairo”(1985), “Hannah e suas Irmãs”(1986) e “Crimes e Pecados”(1989). Nos anos 90, posso destacar “Neblinas e Sombras” (1991), “Tiros na Broadway”(1994) e “Desconstruindo Harry”(1997). Sua obra se consolidou neste novo século com filmes como “Ponto Final” (2005), “Blue Jasmine”(2013) e “Meia Noite em Paris”(2011).

Numa carreira tão longa com mais de 40 filmes lançados, é inevitável que Allen tenha filmes que não sejam tão brilhantes, mas é impossível não perceber que até os filmes menos importantes de sua obra nos transmite uma iualidade além da produção média dos filmes produzidos especialmente nos EUA. Sempre repito que o filme mais fraco de Allen é melhor que a grande maioria das produções que são lançadas nos cinemas pois encontro nestes trabalhos inteligência e autoria (que muitas vezes não encontramos em produções “blockbusters” que invadem o mercado de cinema).

Cinema é arte e Woody Allen sabe disso. Com a maestria de poucos artistas,  ele consegue abordar diversos temas em seus filmes com um estilo que construiu em anos de escrita e filmagens. Nessa variedade de temas, podemos encontrar em seus trabalhos diversas visões sobre religião, política, sociedade, misticismo, psicologia, filosofia, cinefilia, individualismo, fé, luto, vida em sociedade, sonhos, música, amor, ódio, religiosidade, consumismo, sexo, guerras, literatura, família, magia, feminismo, racismo, entre outros assuntos.

Allen é um artista conectado no seu tempo, na sua história, na história do mundo que o cerca e de alguma forma, revela sua interpretação de vida nos seus filmes que sempre parecem tão pessoais. E isso me agrada. É bom assistir, acompanhar, e testemunhar a obra de um artista que evolui e colabora para que o público cresça e reflita sobre seu trabalho. Os filmes de Woody Allen provocam reflexões e por isso, a cada novo projeto deste diretor,que agora completa 80 anos, fico animado com sua insistência em fazer mais filmes. Entendo que um dia, um ano, não teremos mais um novo filme de Woody Allen, infelizmente. Mas sua obra estará mais viva do que nunca para nos lembrar a importância do cinema como veicula de inteligência e sensibilidade que revela talentos como deste diretor extraordinário chamado Woody Allen.

Abaixo, indico ao leitor alguns filmes fundamentais na carreira de Allen que devem ser vistos e revistos para entender a sua obra:

- “O Dorminhoco”(1973)

- “A Última Noite de Boris Gruschenko”(1975)

-“Noivo Neuiótico, Noiva Nervosa”(1977)

- “Interiores”(1978)

- “Manhattan”(1979)

- “Memórias”(1980)

- “Zelig”(1983)

- “A Rosa Púrpura do Cairo”(1985)

- “Hannah e suas Irmãs”(1986)

- “Crimes e Pecados”(1989)

- “Maridos e Esposas”(1992)

- “Desconstruindo Harry”(1997)

- “Poucas e Boas”(1999)

- “Ponto Final”(2005)

- “Meia Noite em Paris”(2011)

- “Blue Jasmine”(2013)

 


INDICAÇÕES


ESTREIAS
“Betinho: A Esperança Equilibrista”
Documentário sobre o sociólogo Herbert da Silva que teve importante participação na vida social e política do Brasil
Cinema Olympia
 “Mistress America”
Filme de Noah Baunbach
Cine Líbero Luxardo
 “No Coração do Mar”
Filme de Ron Howard
Com Chris Hensworth


“O Homem Irracional
Filme de Woody Allen
Cine Líbero Luxardo

MEMÓRIA
“Duelo ao Sol”(1946)
Filme de King Vidor
Cartaz exibido nos cinemas americanos nos anos 40

AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira:
Dia 07/12 – “O Balão Vermelho”(1956) de Albert Lamorisse. Filme premiado no Festival de Cannes. Lançamento do Centro de Estudos de Cinema. Na Paris dos anos 50, Pascal (Pascal Lamorisse), um jovem menino francês, encontra um grande balão vermelho atado a um poste de luz e decide desamarrá-lo. Inicia-se uma forte ligação entre o garoto e o balão, que passeiam e brincam juntos pelas ruas da cidade. Eles fogem de um grupo de meninos da idade de Pascal que querem destruir o objeto.Sessão às 17 h. Entrada franca.
Dia 07/12 – “Manhattan”. Homenagem aos 80 anos de Woody Allen. Um escritor de meia-idade divorciado  se sente em uma situação constrangedora quando sua ex-mulher decide viver com uma amiga e publicar um livro, no qual revela assuntos muito particulares do relacionamento deles. Neste período ele está apaixonado por uma jovem de 17 anos, que corresponde a este amor. Sessão às 19 h. Entrada franca. Debate após a exibição.
*Cine Líbero Luxardo:
Até dia 06/12 – “As Memórias de Marnie”. Última produção do cultuado estúdio de animação japonesa, Ghibli dirigido por Hiromasa Yonebayashi..
Até 13/12 – “Mistress America” de Noah Baunbach. Do mesmo diretor de “Frances Há”. Com Greta Gerwing. Tracy chega à Nova York para estudar. Sua mãe está prestes a se casar e a jovem decide entrar em contato com a sua futura meia-irmã, Brooke. Ela é mais velha e descolada e mostra à Tracy todas as atrações da Big Apple.

*Cinema Olympia:
Até dia 10/11 – “”Betinho: A Esperança Equilibrista” de Vítor Lopes. O documentário aborda a vida do sociólogo Hebert de Souza, conhecido como Betinho. Engajado politicamente desde sua adolescência, Betinho também foi um ativista. Sofreu as conseqüências da Ditadura Militar sendo exilado. Antes da sua morte em 1997, iniciou campanhas contra a AIDS e a fome. Sessão às 18:30h. Entrada franca.
Dia 08/12 - Projeto Cinema e Música. Homenagem ao cineasta George Mèliés. Sessão às 18:30 h. Entrada franca. Acompanhamento musical ao vivo com Paulo José Campos de Melo.
*Cine Estação:
Em dezembro: “Um Casamento a Três” de Jacques Doillon com Louis Garrel e Julie Depardieu.


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