sábado, 27 de agosto de 2011

22º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS METRAGENS DE SÃO PAULO - 02



O 22º Festival de Curtas Metragens começou nesta sexta-feira (dia 26) com exibições de vários filmes em diversos cinemas de São Paulo e começou muito bem. Todos os filmes que vi nesta sexta-feira foram bons. Vi trabalhos criativos, com idéias diferentes e produções até certo ponto baratas que viabilizaram roteiros muitas vezes complexos mais que conseguiram chegar às telas com simplicidade. Os destaques de hoje foram os seguintes filmes:
- “Manequim 46”, produção da Bélgica sobre uma adolescente obesa que tenta superar seus limites na natação, enfrentando problemas na família. Belo trabalho, muito bem dirigido e com excelentes interpretações.
- “Viagem Aleatória”, produção da China que mostra dois homens conversando sobre uma discussão num bar num discurso que vai evoluindo para um teor político, revelando o nível de alienação do povo chinês. Excelente roteiro.
- “Baby”, produção inglesa que mostra a vida de uma mulher solitária que procura o amor, mas é aidética e vê seus valores sendo destruídos pela doença. Ótimo filme que certamente poderia render um excelente longa-metragem.
- “Cinderela”, produção Brasil/França que mostra um caso de amor que mistura conto de fadas com a realidade, usando o nome Cinderela com vários sentidos.
- “Oma”, produção Brasil/Uruguai que mostra as reações de vida e de sentimentos de uma mulher idosa, avó do diretor. O filme é todo filmado e montado de forma amadora, simples, dando destaque às palavra da senhora Oma, que fala alemão e espanhol, revelando a fragilidade e a solidão da velhice. Filme simples e sensível que aborda um tema necessário e sempre atual.
- “Gisela”, produção brasileira dirigida por Felipe Sholl, é um filme que se equilibra entre o terror e o suspense ao mostrar o enlouquecimento de uma dona de casa casada que está sempre solitária, acompanhada apenas da sua empregada que lhe causa desconfiança. O filme tem uma boa narrativa, ritmo e boa história. Uma agradável surpresa.
- “Meu Mêdo” (foto), produção brasileira dirigida por Murilo Hauser, mistura animação e real action para contar os medos de um menino que sente e ouve de tudo na casa onde mora, ficando sempre assustado e querendo fugir pela janela da casa. O filme tem uma excelente montagem que sabe valorizar os espaços onde o menino vive, criando um clima de suspense que envolve o espectador. Outra boa surpresa do dia.
No último programa da noite, na Cinemateca Brasileira, aconteceu uma homenagem à atriz Dira Paes pela sua contribuição ao cinema brasileiro. Conversei com Dira antes do prêmio e ela estava muito animada com a homenagem. No palco, ao agradecer, Dira valorizou a cultura paraense falando da luta da nossa produção áudio-visual e mostrando a necessidade de se fazer no Pará, filmes em longa metragem depois de mais de três décadas. Além disso, Dira, defendeu o Pará, dizendo que o estado não pode ser visto apenas como uma fonte de energia para o país ou como um centro de uma única cultura. Dira lembrou bem que o Pará tem diversas culturas e influências e que isso deve ser visto pelo Brasil. Bastante aplaudida, Dira ainda ouviu elogios sobre “Ribeirinhos do Asfalto” de Jorane Castro que foi exibido hoje e que agradou a grande maioria das pessoas da platéia que inclusive participaram de um debate após a exibição. Depois da homenagem, ainda foram exibidos dois bons curtas : “Roma”, produção mexicana sobre uma jovem que tenta fugir da sua cidade, enfrentando dificuldades mas também solidariedade e “Estranho Amor”, documentário brasileiro que mostra depoimentos de mulheres que se transformaram por causa de um amor algumas vezes idealizado e outras vezes realizado com muitas dificuldades.
Para o primeiro dia, o 22º Festival Internacional de Curtas Metragens já mostrou sua força com ótimos filmes, animando a grande platéia que tem prestigiado o festival.

Marco Antonio Moreira – 22º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo/SP

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