domingo, 30 de setembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 28/09 À 04/10/12


CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho

" Diário do Festival de Brasília 2012" – Parte 2
Acompanhando a 45ª Edição do Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro, publico matérias produzidas e editadas sobre o festival e publicadas no portal ORM:
1)No terceiro dia de exibição dos filmes da mostra competitiva, os destaques foram o curta "A Mão que Afaga" de Gabriela Amaral Almeida e o longa "Boa Sorte Meu Amor". "A Mão que Afaga" mostra a história de uma mulher que trabalha no telemarketing e mora sozinha com o filho. Sozinha, solitária, pretende fazer uma festa de aniversário para o filho fazendo todo o esforço possível. Mas a sua habilidade de se comunicar com as pessoas fica cada vez mais difícil, ao contrário do seu trabalho e talvez por causa dele. "Eu falo com quase mil pessoas por dia" diz ela num momento do filme, mas ela não sabe se relacionar. Na festa, somente uma mãe e sua filha comparecem e o clima de angústia de solidão é latente. Bem dirigido, simples, com poucos diálogos, o curta emociona. Já "Boa Sorte Meu Amor" confirma a qualidade do cinema pernambucano com uma história de amor, encontro, desencontro e busca de identidade que ao mesmo tempo é extremamente regional e universal. Um homem de 30 anos de origem aristocrática do sertão pernambucano tenta esquecer as origens de sua familia e acaba se apaixonando por uma estudante de música de outra geração que tem uma outra visão sobre as relações sociais e de poder em que eles vivem. E esta diferença, provoca uma necessidade de mudança deste personagem que vai entrar em colisão com sua apatia e indiferença diante do mundo e das pessoas. Bela história dirigida com maestria por Daniel Aragão que criou cenas emocionantes e que revelam um olhar diferenciado de um diretor que é uma revelação. Realizado em preto e branco, o filme claramente tem influências do cinema novo e mesmo do cinema europeu, com longas tomadas, "closes" e utilização da trilha sonora de forma inteligente e sensível. Aplaudido no final da sessão, "Boa Noite Meu Amor" é surpreende e é um dos favoritos ao prêmio de melhor filme do festival.Outro destaque do dia foi o seminário sobre o crítico Paulo Emilio Salles que teve entre os convidados o crítico e professor de cinema Ismail Xavier que fez uma brilhante apresentação.
2)No penúltimo dia da mostra competitiva da 45ª Edição do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, os destaques foram o documentário "Olho Nu" (foto) sobre a vida do cantor Ney Matogrosso e o longa "Noite de Reis" de Vinicius Reis. "Olho Nu" procura fazer um levantamento histórico sobre a carreira de Ney Matogrosso, revelando sua vida pessoal e musical, suas influências, sua importância dentro da música brasileira e também sua importância na quebra de preconceitos especialmente nos anos 70. Ney é um artista de personalidade forte e é ele que narra todo o filme, misturando cenas de época com momentos mais recentes da sua carreira e especialmente sua relação com a natureza. O documentário tem momentos raros como uma das primeiras apresentações do grupo "Secos e Molhados" em 1973. Para quem é fã do cantor ou quer conhecer sua obra e personalidade, "Olho Nu" cumpre bem sua função.Já "Noite de Reis" relata um drama familiar sobre a perda de um filho e suas consequência para a esposa, marido e irmã. Realizado sem concessões comerciais, o filme aposta nos diálogos de forma direta e muitas vezes consegue bons momentos de cinema. Mas o desenvolvimento da história acaba sendo previsível demais, não conseguindo manter o interesse até o final. Bem produzido, com ótima fotografia e elenco muito bem dirigido, "Noite de Reis" é um caso raro de filme dramático que merece ser visto, mesmo que não se realize totalmente. Afinal, várias histórias devem ser contadas e esta variedade é importante dentro do atual panorama do cinema brasileiro. Outro destaque da noite de sábado, dia 22/09, foi a exibição do curta "A Ditadura da Especulação" de Zé Furtado que denuncia a exploração imobiliária de um um bairro em Brasília. O curta é realizado em forma de reportagem e denuncia vários orgãos oficiais. Antes da exibição, quase 50 pessoas subiram ao palco para ler uma carta protesto contra todos os envolvidos nesta exploração. Ao final do protesto e do curta, vários aplausos do público.
3)No último dia de exibições das mostras competitivas da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os destaques foram o documentário "Elena" de Petra Costa e "Esse Amor que nos Consome" de Allan Ribeiro. "Elena" é um filme construído pela emoção.. A diretora Petra Costa mergulha nas suas memórias e procura reencontrar sua irmã Elena que aos 21 anos cometeu suícidio. Petra tinha 07 anos quando a irmã morreu e ambas tinham um relacionamento amoroso intenso. No filme, de forma lírica e poética, a diretora procura reencontrar com todas as memórias possíveis resgatando gravações em aúdio e vídeo da irmã, buscando respostas para sua saudade e para o vazio que a ausência de Elena deixou na sua família e para si própria. O filme é emoção pura, da a narração da diretora, relatando seus sentimentos, passando pela montagem simples que revela ao espectador quem é Elena e como ela era vista pela mãe, irmã, amigos e chegando ao momento decisivo do que fazer com esta dor e este vazio. Vejo que ao realizar "Elena", Petra Costa usou a arte para entender a sua dor. Uma dor que não passará nunca mas que pode ser controlada a partir da expressão, da confirmação, da interpretação do que foi Elena e de que forma isso pode ajudar a se seguir em frente, a valorizar o que ela deixou de bom, de intenso, de infinito. Vejo em "Elena" um filme que não tem medo de ser emotivo. É pura emoção, sim. Sem apelos, exageros, dramas vazios. É a vida como ela é e como isto pode afetar a vida das pessoas. Surpreendente, "Elena" é uma das grandes surpresas do festival."Esse Amor que nos Consome" é o primeiro longa metragem de Allan Ribeiro que já dirigiu ótimos curtas premiados (como "O Brilho dos seus Olhos"). A história do filme, que mistura ficção e documentário, nasce a partir da ocupação de um casarão no Rio de Janeiro por um grupo de dança, a Companhia Rubens Barbot, um dos mais antigos grupos afro-brasileiros da dança contemporânea. Allan Ribeiro mostra como u casal e o grupo de dança ocuparam o casarão que estava abandonado e à venda mais que ganhou vida com a chegada a companhia conquistando até o dono do imóvel que permitiu que eles usassem o espaço até que seja vendido. Singelo, poético, evidenciando imagens do grupo de dança e da casa, Allan fez um poema cinematográfico à liberdade, à dança, ao amor. *Confira no meu blog ODISSÉIA a relação completa dos premiados do Festival de Brasília 2012.

ESTREÍAS DA SEMANA
 “Bibi, Histórias e Canções” (acompanhada por uma orquestra com 21 músicos, Bibi Ferreira mostra sua força dramática com uma interpretação única aliada a um variado repertório brasileiro e estrangeiro). “Looper – Assassinos do Futuro”
PRÉ-ESTREIA “Hotel Transilvânia”

AGENDA *Cineclube Alexandrino Moreira : Dia 08/10, será exibido o clássico japonês “Os Amantes Crucificados” de Keinji Mizoguchi às 19 h com entrada franca.
*Cine Olympia: Depois de ter paralisado sua atividades por motivos técnicos, o nosso cinema centenário volta a exibir o Festival de Filmes de Terror que fez sucesso durante o mês de julho. O festival agora tem novas datas com a inclusão de mais títulos, Hoje será exibido “Carrie, A Estranha” de Brian de Palma (1976) às 18:30 h com entrada franca.. O festival de terror continua até o dia 07/10. Confira a programação desta última semana do festival: Dia 02/10 - "A BOLHA"(1958) com Steve McQueen, Dia 03/10 - "OS INOCENTES"(1961) de Jack Clayton, Dia 04/10 - "UMA NOITE ALUCINANTE"(1982) de Sam Raimi, Dia 05/10 - " O ENIGMA DE OUTRO MUNDO"(1982) de John Carpenter, Dia 06/10 - "O EXORCISTA"(1974) de William Friedkin e Dia 07/10 - "O ILUMINADO" (1980) de Stanley Kubrick. *Cine Líbero Luxardo: Para uma reforma geral de suas instalações, o cinema está sem atividades com previsão de retorno normal até o fim do ano.
*Cine Estação: Hoje é o último dia da quarta edição do festival Amazônia Doc com a exibição dos premiados pelo júri da ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará).Em Outubro, está confirmado o lançamento de “Fausto” A. Sokurov..
*Cine Saraiva : Dia 04/10, em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Iracema : Uma Transa Amazônica” de Jorge Bodansky e Orlando Senna às 19h com entrada franca e debate.

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