No terceiro dia de exibição dos filmes da mostra competitiva, os destaques foram o curta "A Mão que Afaga" de Gabriela Amaral Almeida e o longa "Boa Sorte Meu Amor". "A Mão que Afaga" mostra a história de uma mulher que trabalha no telemarketing e mora sozinha com o filho. Sozinha, solitária, pretende fazer uma festa de aniversário para o filho fazendo todo o esforço possível. Mas a sua habilidade de se comunicar com as pessoas fica cada vez mais difícil, ao contrário do seu trabalho e talvez por causa dele. "Eu falo com quase mil pessoas por dia" diz ela num momento do filme, mas ela não sabe se relacionar. Na festa, somente uma mãe e sua filha comparecem e o clima de angústia de solidão é latente. Bem dirigido, simples, com poucos diálogos, o curta emociona. Já "Boa Sorte Meu Amor"(foto) confirma a qualidade do cinema pernambucano com uma história de amor, encontro, desencontro e busca de identidade que ao mesmo tempo é extremamente regional e universal. Um homem de 30 anos de origem aristocrática do sertão pernambucano tenta esquecer as origens de sua familia e acaba se apaixonando por uma estudante de música de outra geração que tem uma outra visão sobre as relações sociais e de poder em que eles vivem. E esta diferença, provoca uma necessidade de mudança deste personagem que vai entrar em colisão com sua apatia e indiferença diante do mundo e das pessoas. Bela história dirigida com maestria por Daniel Aragão que criou cenas emocionantes e que revelam um olhar diferenciado de um diretor que é uma revelação. Realizado em preto e branco, o filme claramente tem influências do cinema novo e mesmo do cinema europeu, com longas tomadas, "closes" e utilização da trilha sonora de forma inteligente e sensível. Aplaudido no final da sessão, "Boa Noite Meu Amor" é surpreende e é um dos favoritos ao prêmio de melhor filme do festival.
Outro destaque do dia foi o seminário sobre o crítico Paulo Emilio Salles que teve entre os convidados o crítico e professor de cinema Ismail Xavier que fez uma brilhante apresentação.
Programação da mostra competitiva do dia 21/09 (sexta-feira)
Mostra Competitiva - Documentário :
- "Empurrando o Dia" de Felipe Chimicatti, Pedro Carvalho e Rafael Bottaro (25 minutos - MG)
- "Domésticas" de Gabriel Mascaro (75 minutos - PE)
Mostra Competitiva - Animação e Ficção :
- "Valquíria" de Luiz Henrique Marques (8 minutos - MG)
- "Eu Nunca deveria ter Voltado" de Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão (15 minutos - RJ)
- "Era uma Vez Eu, Verônica" de Marcelo Gomes (90 minutos - PE)
* Marco Antonio Moreira, direto da 45ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
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