sexta-feira, 21 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012


Terça,feira, dia 18, iniciou a exibição de filmes com a mostra competitiva de documentários com  "Câmara Escura" de Marcelo Pedroso (25 minutos) e "Um Filme para Dirceu" (80 minutos) de Ana Ohan. Ambos sofrem do mesmo problema : tem boas ideias para um curta de no máximo 15 minutos mas a longa metragem acaba esvaziando o assunto e tirando qualquer bom aproveitamento do tema e da narrativa. Pior para "Um Filme para Dirceu" que mostra a história de um jovem que quer realizar um filme sobre sua vida  mas que na prática, se tornou um vídeo doméstico, para ser exibido no máximo para familiares e amigos. 
Na mostra competitiva de ficção e animação, destaque para o curta "Linear" de 6 minutos que mostrou que uma boa ideia pode ser executada em pouco tempo e de forma criativa. O destaque da noite foi para o longa metragem pernambucano "Eles Voltam"(foto) de Marcelo Lordelo. É conhecido de todos do meio cinematográfico que o cinema pernambucano pulsa criatividade e inteligência nos últimos anos e aqui não foi diferente. O filme começa com um carro parando e deixando dois irmãos na estrada, sem maiores explicações.A partir desse acontecimento, os dois jovens ficam esperando a volta dos pais que não acontece. Os dois irmãos acabam se separando e a irmã acaba percorrendo a estrada sozinha procurando alguém que ajude. Essa trajetória de busca e sofrimento, é narrada de forma cadenciada, sem pressa ou malabarismos formais desnecessários. O diretor Marcelo Pedroso evidencia nos poucos diálogos, a expressão dos atores com enquadramentos próximo, quase "closes", sem utilização de música, criando uma atmosfera de solidão e dúvida pulsantes. A trajetória dessa jovem, que vai testemunhando diversas situações de solidariedade, dúvidas, mudanças e sofrimentos, vai lentamente mudando sua personalidade até um final que surpreende. "Eles Voltam" é um filme sobre esta busca de identidade e o que fazer quando se começa a encontrar o seu caminho, especialmente dentro de um núcleo familiar desgastado e falido, onde a comunicação e o sentimento mútuo desapareceram há muito tempo mas que pode ser resgatado, reerguido, transformado. Belo filme que desde já é um dos favoritos do festival.

Programação de hoje no Festival de Brasília :
Mostra Competitiva - Documentário :
"A Cidade" de Liliana Sulzbach (15 minutos - RS)
"Kátia" de Karla Holanda ((74 minutos - PI)

Mostra Competitiva - Ficção e Animação:
"Mais Valia" de Marco Túlio Ramos Vieira ( 4 minutos - MG)
"Vereda" de Diego Florentino (20 minutos - PR)
"A Memória que me Contam" de Lúcia Murat (95 minutos - RJ)

*Marco Antonio Moreira, direto da 45ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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