No segundo dia da mostra competitiva, os destaques foram o documentário "Kátia" de Karla Holanda e "A Memória que me Contam" de Lúcia Murat. "Kátia" procurar mostra um pouco da vida e da rotina do primeiro travesti brasileiro a ser eleito para um cargo público mostrando sua luta contra o preconceito e sua dificuldade de assumir a sua vida diante de familiares e especialmente, o pai. O filme segue a narrativa do documentário padrão, sem maiores criatividades na construção da história e sem maiores novidades na questão do preconceito sexual que ainda existe no Brasil e no mundo. Tímido, sem aproveitar mais o contexto histórico da personagem, "Kátia" agradou apenas parte da crítica e foi aplaudido pelo grande público no final.
"A Memória que me Contam" (foto) é um olhar amargo sobre a geração que lutou contra a ditadura militar e que hoje luta para entender e justificar tudo o que aconteceu neste período. A partir de morte eminente de um dos personagens, um grupo de amigos se reúne para tentar ajudá-la e acabam mostrando conflitos internos ainda muito presentes sobre tudo o que aconteceu na época quando lutaram contra a ditadura e sobre o real resultado destas ações. Inicialmente posso dizer que é um filme que procura dialogar com esta geração dos anos 60/70,ao mesmo tempo que tenta explicar para outras gerações quais foram os motivos desta luta. Procurando às vezes ser didática demais nos diálogos, Murat claramente mostra boas intenções no filme mas peca na construção da história que muitas vezes parece ser presa demais a uma época que passou e marcou a sua geração. Fazendo uma ligação deste período com os tempos modernos, de uma forma menos emocional, talvez ela tivesse dado um filme uma dimensão mais poética e menos tendenciosa e até mesmo menos maniqueísta sobre este período histórico do Brasil. De qualquer forma, Lúcia Murat volta ao tema depois de "Que Bom te Ver Viva" e "Uma Longa Viagem" e dá sua visão sobre um período importante da história do Brasil que ainda aguarda a realização de um grande filme.
Confira a programação de quinta-feira, dia 20/09:
Mostra Competitiva - Documentário :
- "A Guerra dos Gibis" de Thiago Brandimarte Mendonça e Rafael Terpins (19 minutos - SP)
- ""Otto" de Cao Guimarães (70 minutos - MG)
Mostra Competitiva - Ficção e Animação:
- "O Gigante" de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida (10 minutos - SC)
- "A Mão que Afaga" de Gabriela Amaral Almeida (19 minutos - SP)
- "Boa Sorte, Meu Amor" de Daniel Aragão (95 minutos - PE)
Outro destaque importante do dia é o seminário PAULO EMÍLIO E A CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA com os temas CINEMA BRASILEIRO - ATIVIDADE AINDA CÍCLICA ? e ENSAIO CINEMA BRASILEIRO - UMA TRAJETÓRIA NO SUBDESENVOLVIMENTO com Ismael Xavier, Alfred Manevy e Ivonete Pinto.
-Marco Antonio Moreira, da 45ª Edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
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