segunda-feira, 24 de setembro de 2012

FESTIVAL DE BRASÍLIA 2012



No último dia de exibições das mostras competitivas da 45ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os destaques foram o documentário "Elena"(foto) de Petra Costa e "Esse Amor que nos Consome" de Allan Ribeiro. "Elena" é um filme construído pela emoção.. A diretora Petra Costa mergulha nas suas memórias e procura reencontrar sua irmã Elena que aos 21 anos cometeu suícidio. Petra tinha 07 anos quando a irmã morreu e ambas tinham um relacionamento amoroso intenso. No filme, de forma lírica e poética, a diretora procura reencontrar com todas as memórias possíveis resgatando gravações em aúdio e vídeo da irmã, buscando respostas para sua saudade e para o vazio que a ausência de Elena deixou na sua família e para si própria. O filme é emoção pura, da a narração da diretora, relatando seus sentimentos, passando pela montagem simples que revela ao espectador quem é Elena e como ela era vista pela mãe, irmã, amigos e chegando ao momento decisivo do que fazer com esta dor e este vazio. Vejo que ao realizar "Elena", Petra Costa usou a arte para entender a sua dor. Uma dor que não passará nunca mas que pode ser controlada a partir da expressão, da confirmação, da interpretação do que foi Elena e de que forma isso pode ajudar a se seguir em frente, a valorizar o que ela deixou de bom, de intenso, de infinito. Vejo em "Elena" um filme que não tem medo de ser emotivo. É pura emoção, sim. Sem apelos, exageros, dramas vazios. É a vida como ela é e como isto pode afetar a vida das pessoas. Surpreendente, "Elena" é uma das grandes surpresas do festival.
"Esse Amor que nos Consome" é o primeiro longa metragem de Allan Ribeiro que já dirigiu ótimos curtas premiados (como "O Brilho dos seus Olhos"). A história do filme, que mistura ficção e documentário, nasce a partir da ocupação de um casarão no Rio de Janeiro por um grupo de dança, a Companhia Rubens Barbot, um dos mais antigos grupos afro-brasileiros da dança contemporânea. Allan Ribeiro mostra como u casal e o grupo de dança ocuparam o casarão que estava abandonado e à venda mas que ganhou vida com a chegada a companhia conquistando até o dono do imóvel que permitiu que eles usassem o espaço até que seja vendido. Singelo, poético, evidenciando imagens do grupo de dança e da casa, Allan fez um poema cinematográfico à liberdade, à dança, ao amor. 
Hoje, dia 24/09, acontecerá a entrega de prêmios aos melhores do festival com os indicados do júri oficial, júri da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e júri do Canal Brasil. Será uma bela noite onde certamente poderemos celebrar a evolução do cinema brasileiro, encontrando novos caminhos para a melhoria da sua qualidade e penetração junto ao público.

*Marco Antonio Moreira, direto da 45ª edição do Festival de Brasilia do Cinema Brasileiro.

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