CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho
“Oscar” 2017: Premiação polêmica e justa?
A 89ª Edição do “Oscar” teve todos os elementos para ficar na história. A premiação do belo “Moonlight” de Barry Jenkins como melhor filme merece registro especial. Apesar do equívoco no final da cerimônia onde houve anúncio errado do vencedor dessa categoria, o que realmente importa é que a produção premiada é de um diretor/ autor que relata uma história real no sentido de que seus personagens existem aqui, ali, em qualquer lugar. Personagens que sofrem, lutam, perdem, ganham, sobrevivem. “Moonlight” é simples na narrativa, construção, elaboração de sua proposta filmíca. Por isso, entre outros argumentos, é um belo filme e mereceu o prêmio.
“La La Land” de Damien Chazelle (diretor do ótimo “Whiplash”) também foi vencedor com 06 “Oscar” e certamente é o filme mais popular entre os indicados. A premiação de melhor direção para Chazelle foi exagerada, pois entendo que “Moonlight” e “Manchester” de Kenneth Lonergan têm uma direção mais significativa. Emma Stone é ótima atriz. Ainda assistiremos bons filmes com seu talento na tela (como ocorreu com “Magia ao Luar” e “O Homem Irracional” de Woody Allen), mas a premiação mais justa seria para a excelente Isabelle Hupert em grande momento por “Elle” de Paul Verhoeven e até mesmo pelo conjunto de sua obra no cinema. Huppert é uma atriz extraordinária que levou décadas para ser lembrada pelo “Oscar”. Loucura não? Nesse caso, pelo menos, Isabelle ganhou o “Globo de Ouro” de melhor atuação.
Casey Afleck está muito bem em “Manchester”, mas o prêmio ficaria em boas mãos também com Denzel Washington por “Fences”. Òtimas atuações com vantagem para Afleck num papel difícil e marcante. Viola Davis é outra premiada que mereceu destaque, mas porque atriz coadjuvante? Seu papel é fundamental no filme. Davis sempre nos traz boas atuações. Que bom que ela não ficou muito tempo esperando para ser realmente premiada.
Entendo que “Moonlight”, “Manchester” e “A Chegada” de Dennis Villeneuve mereciam mais prêmios, mas no final, apesar dos equívocos e polêmicas, esta edição do “Oscar” tem destaque pelas questões políticas e de gênero que foram reveladas pelo apresentador da cerimônia e vários premiados. “Moonlight”, neste sentido, é o filme certo para se debater a diversidade, a intolerância, o mundo como ele é e não como muito querem que ele seja, repleto de preconceitos e ódios.
A homenagem produzida em memória dos artistas falecidos recentemente continua como algo especial numa cerimônia que tem enorme audiência em todo mundo. Como foi bom rever atores/atrizes que marcaram época. Warren Beatty e Faye Dunaway juntos na cerimônia nos lembrou dos 50 anos de “Bonnie e Clyde”, excelente filme de Arthur Peen, que marcou um período importante do chamado novo cinema americano nos anos 60. Foi ótimo rever esta dupla.
Este é o “Oscar”. E ano que vem tem mais....
INDICAÇÕES
ESTREIA
“Logan”
Filme de James Mangold
Com Hugh Jackman
RELANÇAMENTO
“Cinema Novo”
Filme de Eryk Rocha
Cine Olympia
BREVE
“A Morte de Luis XIV”
Filme de Albert Serra
Com Jean-Pierre Léaud
CINECLUBE
“O Homem Elefante” (1980)
Filme de David Lynch
Cine Líbero Luxardo – Sessão Cult – Dia 18/03
MEMÓRIA
“Bonnie e Clyde” (1967)
Filme de Arthur Peen
Cartaz exibido nos cinemas americanos nos anos 60
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira:
Dia 06/03 – O Cinema de Werner Herzog: “Encontros no Fim do Mundo”. Sessão às 19h. Entrada franca e debate após a exibição.
Dia 13/03 – “Terra em Transe” de Glauber Rocha. Homenagem aos 50 anos de lançamento do filme. Sessão às 19h. Entrada franca.
*Cine Olympia:
Até dia 14/03 – “Cinema Novo” de Eryk Rocha. Sessão às 18h30min (exceto domingo às 17h30min). Entrada franca.
Dia 18/03 – “Tropicália”. Documentário sobre importante movimento musical brasileiro. Sessão às 16h. Entrada franca.
*Cine Líbero Luxardo:
Até dia 08/03 –“IV Festival Internacional Lume de Cinema”.
Dia 18/03 – “O Homem Elefante” de David Lynch. Homenagem ao ator John Hurt. Sessão às 15h. Entrada franca e debate.
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