Cine Troppo
Marco Antonio Moreira Carvalho
“ROGER WATERS THE WALL” É UM GRANDE ESPETÁCULO.
*”Roger Waters The Wall” foi exibido esta semana em vários cinemas do país. O filme é o registro oficial da turnê mundial que Waters realizou nos últimos anos e que, felizmente, chegou no Brasil. Tive a oportunidade de assistir este show e por todo o trabalho de composição artística do espetáculo (que mistura imagens, sons, música, efeitos especiais) fiquei impressionado. Foi um dos maiores shows que assisti e entendo que o filme foi fiel a toda qualidade do show e do disco do Pink Floyd (lançado em 1979), mas percebo que a produção foi além ao integrar questões sociais e políticas na sua narrativa. A história do personagem principal do disco/filme não é vista isoladamente, mas em contextos que lembram guerras absurdas que matam diversas pessoas por ano, o terrorismo e a falência de instituições que deveriam resolver problemas mundiais, mas que por interesses econômicos não desenvolvem soluções para a melhoria de vida do ser humano. Waters sempre foi um músico politizado e certamente “The Wall” é um de seus melhores trabalhos. Ao transformar em filme e documentário uma obra tão significativa (realizada em parceria com os músicos do Pink Floyd como David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright), Roger Waters inseriu na narrativa, com sensibilidade, o trauma da perda do pai durante a segunda guerra mundial. Com cenas filmadas em Paris e na Itália, ele revela sua angústia sobre essa perda, evidenciando ainda mais o significado de músicas como “Comfortably Numb”, um dos clássicos de “The Wall”. Sem dúvida, é um espetáculo na melhor significação do termo. Bem filmado, montado, o filme é um show. Lamento apenas que as canções não tenham apresentado legendas, pois facilitaria o entendimento de toda a história, especialmente para aqueles que não conhecem o disco que, lançado em 1979, é admirado por muitos fãs da banda. No final do filme, além de tudo que já emocionou a grande maioria dos espectadores, ainda temos como bônus uma conversa entre Waters e Nick Mason, baterista da banda, que com muito bom humor respondem a uma série de perguntas escritas e enviadas por fãs da banda de diversos lugares do mundo. “Roger Waters The Wall” é para se ver, rever e lembrar-se da qualidade de um bom “rock and roll”, que quando realizado com competência e sensibilidade, ultrapassa os limites do tempo e da memória. Parabéns Roger Waters!
*”Perdido em Marte” de Ridley Scott é maior estreia desta semana nos EUA. O filme será exibido em mais de 3,7 mil cinemas, com previsão, segundo especialistas, de renda entre US$ 45 milhões e US$ 52 milhões no primeiro fim de semana. Alguns críticos têm se referido positivamente ao filme. A produtora 20th Century Fox investiu mais de US$ 100 milhões na produção.
*Uma pequena distribuidora começou a distribuir nos EUA alguns filmes brasileiros de público bem mais restrito com o objetivo de criar um gosto no público americano pelos filmes nacionais. A Cinema Slate, distribuidora fundada neste ano pelo executivo Rodrigo Brandão, quer lançar os filmes nos cinemas americanos e também em day and date (simultaneamente) na Fandor, plataforma de streaming dedicada a filmes de autor. Dois filmes já foram lançados: “O que se move” (The moving creatures), de Caetano Gotardo e o documentário “A vida privada dos hipopótamos” (I touched all your stuff) de Maíra Bühler e Matias Mariani. O primeiro estreou em Nova York, Los Angeles, Columbus e Chicago; o segundo, em Boston em Nova York. Nas próximas semanas, estreiam nos EUA outros filmes como “Trabalhar Cansa” (Hard labor) de Marco Dutra e Juliana Rojas (30/10); “Casa Grande” de Fellipe Barbosa (13/11) e o documentário “Campo de Jogo” (Sunday ball) de Eric Rocha (11/12). A curadoria é da produtora brasileira Etienne Yamamoto.
*Nesta segunda-feira, dia 05, o cineclube Alexandrino Moreira exibirá o filme japonês “Fim de Verão” do grande diretor Yasujiro Ozu. É um dos mais belos filmes que já vi no cinema. O filme mostra os últimos dias de outono da família Kohayagawa com várias histórias pararelas como as brincadeiras dos netos e uma nora que deseja recasar, mas o foco principal é no patriarca Banpei, que secretamente mata serviço no seu modesto negócio familiar para visitar sua família alternativa. Programa obrigatório com entrada franca e debate após a exibição.
*No programa “Atualidades Cinematográficas” desta semana apresentei o tema musical de abertura do filme "Um Estranho no Ninho”(1975) composta por Jack Nietzsche para o filme de Milos Forman. No final do programa, depois de dicas do circuito comercial e alternativo, execução da canção tema do filme “O Campeão”(1979) interpretado por Chris Thompson para o filme de Franco Zeffirelli. O programa é transmitido toda quinta-feira a partir das 14:30 h pela rádio Liberal AM.
ESTREIAS
“Perdido em Marte”
Filme de Ridley Scoot
Com Matt Damon
“O Último Cine Drive-In”
Filme de Iberê Carvalho
Com Othon Bastos
BREVE
“Dossiê Jango”
Filme de Paulo Henrique Fontenelle
Cine Olympia
DVD
“Mapas para as Estrelas”
Filme de David Cronenberg
Com Julianne Moore
MEMÓRIA
“O Maior Espetáculo da Terra”(1952)
Filme de Cecil B. De Mille
Cartaz exibido nos cinemas americanos nos anos 50
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira:
Dia 03/10 – “Fim de Verão”(1961) de Yasujiro Ozu. Sessão às 19 h. Entrada franca e debate após a exibição. Último filme do cineasta de “Era uma Vez em Tóquio”.
*Cine Olympia:
Até dia 07/10 – “O Por do Sol na Rua 3”. Sessão às 18:30h. Entrada Franca. Apoio: Consulado Geral do Japão em Belém e Japan Foundation.
Dias 08 e 09/10 – Programação especial do Círio de Nazaré com a exibição dos curtas paraenses “Nossa Senhora de Miritis”, “Mãos de Outubro”e “No Movimento da Fé”.
*Cine Líbero Luxardo:
Até 04/10 - “O Conto da Princesa Kaguya”. Indicado ao “Oscar” 2015 de Melhor Animação.
Até 11/10 – “O Último Cine Drive In” de Ibêre Carvalho.
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