domingo, 31 de março de 2013

CINE TROPPO - SEMANA DE 29/03 À 04/04/13

Cine Troppo
Marco Antonio Moreira

Entrevista/Paul Thomas Anderson, diretor de “O Mestre”
"O Mestre” de Paul Thomas Anderson está sendo exibido no Cine Líbero Luxardo e certamente é um dos grandes filmes do ano. A partir do drama pessoal de um personagem que entra em contato com uma religião chamada de “A Cura”, Anderson criou um universo perturbador que questiona e duvida das necessidades mais primárias do ser humano como um caminho para ser feliz. Polêmico, o filme deve gerar ótimas discussões. Paul Thomas Anderson não é um diretor que está sempre na ativa. Seu último filme lançado foi “Sangue Negro” em 2007 e em sua obra, vários filmes mostraram o seu talento que o diferencia da grande maioria dos cineastas que hoje trabalham no cinema. Quando “O Mestre” foi lançado nos EUA, o diretor participou de várias entrevistas. Com a finalidade de divulgar as ideias do diretor e a importância do filme, publico hoje parte de uma entrevista de Anderson divulgada na imprensa mundial.

Houve muita especulação sobre a relação do filme com a Cientologia. Isso o divertiu, interessou ou distraiu?
R - Todas as alternativas! Essa palavra – Cientologia – faz as orelhas das pessoas crescerem e anteninhas saírem de suas cabeças e seus olhos esbugalharem. Fiquei preocupado de haver uma expectativa de que o filme fosse algo que não era. Assim que fizemos algumas exibições restritas em agosto, ninguém mais falava em Cientologia, falavam dos personagens.
Você disse que o personagem Freddie Quell foi o que surgiu primeiro. É isso?
R -Sim. Se fosse fazer um filme sobre a Cientologia, não seria este. Por muito tempo, isso foi uma coleção de peças e ideias – e, principalmente, o personagem Freddie – que não tinham um lar. É uma coisa antiga a história do marinheiro que está perdido em terra, mas que se sente em casa no mar. Mas eu não tinha enredo nem força o suficiente. A história começou a ganhar muito mais forma quando Lancaster Dodd, o Mestre, surgiu.
Você incluiu uma emocionante cena inicial em que Freddie Quell , que acaba de voltar da guerra, tenta se manter em um emprego como fotógrafo em uma loja de departamento chique, mas aí ele pira de modo espetacular.
R - É legal assistir a Freddie tentando manter um rosto sorridente e vestindo um terno bacana. É como tentar colocar uma fralda em um macaco. Para mim, é isso que parece.
Isso cai muito bem em Joaquin Phoenix. Ele não parece confortável com o lado público de ser ator. Ele tratou disso – fama, celebridade, as percepções que se têm dele – no falso documentário I’m Still Here, de 2010.
R - Meu Deus, o quão bravo posso ficar com um ator que é tão bom no que faz e tão ruim em promover meu filme? Eu não mudaria isso por nada. É tão difícil ficar bravo com alguém que funciona desse jeito. Não é engraçado quando alguém não consegue aguentar? Quero que os astros de meus filmes sejam perigosos, irritados e incapazes de engolir papo furado. Prefiro que sejam assim. Como reagiu à pesquisa que fez sobre os processos iniciais da Dianética?
R - Pode soar estranho, mas é bem difícil sentar e aprender sobre essas coisas e não ser afetado por elas de uma maneira positiva. Não tem ninguém enfiando a coisa por sua goela abaixo, e você lê algumas ideias que parecem simples, pequenas coisas que você pode aplicar à sua vida. Se eu me sentia frustrado, de repente me flagrava usando a regra número 43 [da religião] ou o que quer que fosse.
Você disse que sempre pensou em Philip Seymour Hoffman para o papel de Lancaster. Mas tinha menos certeza em chamar Joaquin Phoenix?
R - Eu estava afundado no roteiro quando Joaquin estava fazendo I’m Still Here, e Philip e eu tínhamos conversas do tipo: “Quanto tempo você acha que ele ainda vai levar para fazer aquele filme?”. Ele filmou por uns seis ou oito meses – vivendo aquela vida gorda e louca, com aquela barba. Consideramos chamá-lo na época, mas ele estava fazendo aquilo, então falei com Jeremy Renner sobre o papel. Mas acabou dando certo com Joaquin.
A atuação dele é muito abrangente. Ele deve ter levado o papel para algo totalmente diferente do que foi escrito.
R - Não consigo lembrar o que pensei ou vi antes de ele começar a fazer o personagem. Ele simplesmente destruiu qualquer ideia que eu tenha tido. Depois de uma semana ou dez dias no set, ele encontrou o caminho. Aí, alguma coisa tomou conta dele.

ESTRÉIAS DA SEMANA

“A Hospedeira”
“G.I. Joe : Retaliação”
“Jack e o Caçador de Gigantes”(3D)

AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira: Dia 08/04, em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Diabel” de A. Zulawski (mesmo diretor de “Possessão”). Durante a invasão da Polônia em 1793 pelo exército prussiano, um jovem é salvo da prisão por um homem misterioso. A partir daí, começa sua jornada de loucura, no qual vê a morte do pai rodeado sempre pelo caos e pela corrupção moral.O filme será exibido às 19 h, entrada franca e debate após a exibição com críticos da ACCPA.


*Cine Olympia : “Além do Infinito Azul” de Werner Herzog (A Caverna dos Sonhos Esquecidos) está em exibição até 04/04 às 18:30 h com entrada franca. No filme, um alienígena narra a história de seu planeta prestes a morrer, das visitas sua e de seu povo à Terra e da autodestruição da Terra. Apoio da Cinemateca da Franca (CineFrance), Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e /Instituto Français. Na sessão Cinemateca de hoje será exibido o clássico “Paixão de Cristo” de Ferdinand Zecca realizado em 1903. Sessão às 16 h com entrada Franca.


*Cine Líbero Luxardo: “O Mestre” de Paul Thomas Anderson está em exibição ficando em cartaz até o dia 07/04. No elenco, Joaquim Phoenix e Philip Seymour Hoffman. Na sessão Cult, parceria com a ACCPA, dia 06/04 será exibido “A Árvore dos Tamancos” de Ermmano Olmi em horário especial (15h) com entrada franca e debate.


*Cine Saraiva : "Além da Imaginação” (The Twilight Zone) é considerada uma das maiores séries de tv de todos os tempos. Criada nos anos 50 por Rod Serling, a série influenciou toda uma geração com suas histórias criativas e surreais. Em homenagem à série, a ACCPA exibirá 3 episódios produzidos nos anos 60, promovendo um debate sobre a influência da televisão no cinema. A sessão ACCPA/Saraiva acontecerá no dia 04/04 às 19h na Livraria Saraiva às 19h. Entrada Franca

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