sábado, 16 de fevereiro de 2013

CINE TROPPO - SEMANA DE 15 À 21/02/13

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira

Críticas

“O Lado Bom Da Vida” de David Russel.
A mistura de gêneros nem sempre funciona. Comédias dramáticas, dramas cômicos, seja o que for, tem que ter um roteiro muito bem estruturado com personagens bem definidos para que o “timing” das situações funcione na tela e o tema principal do filme não seja abalado, enfraquecido. “O Lado Bom da Vida” (do mesmo diretor do bom “O Vencedor” que deu “Oscar” de melhor ator coadjuvante para Christian Bale) começa bem. Muito bem. Um dos personagens, um ex-professor que após passar quatro anos internado numa instituição para tratamento de deficientes mentais tenta consertar os erros de seu passado, dá o tom principal do filme. A busca desesperada pelo passado como redenção do presente, seu relacionamento com a ex-esposa, pais, família e tudo que o cerca é absurdamente paraóico. À deriva, este personagem acaba encontrando uma mulher que vive seus dramas pessoais de forma diferente, mais agressiva, mais realista mais não menos sofrida. A partir daí, ela guia o filme com sua personalidade forte e enigmática. Até este momento o filme cresce, funciona, interessa. O que pode acontecer com estes dois personagens à deriva, à margem? Dois “outsiders” num meio social pobre e cheios de regras. Mas a solução fácil transformar o filme em algo simpático ao público muda toda a direção da história. Colocar uma competição de dança como uma “passagem” deste mundo de solidão para um mundo de redescoberta transformou a história num clichê do clichê. Final previsível, cenas previsíveis. Faltou apenas a canção “When You Wish upon a Star” para terminar este conto de fadas que no início era um drama interessante sobre dois “outsiders”. O que salva o filme do desinteresse total são as atuações de Jennifer Lawrence (grande atriz de sua geração que já esteve fantástica em “Inverno da Alma”) e Robert De Niro (grande ator da sua geração que apesar de nem sempre fazer bons filmes sempre está digno em seus papéis). Ambos podem ganhar o “Oscar” este ano e merecem. Mas fica a pergunta: “O Lado Bom da Vida” é apenas um filme mediano, comum, sem maiores questões. E como o “Oscar” coloca esse filme em tamanha evidência com tantas indicações? Nos últimos anos, os filmes indicados ao maior prêmio do cinema americano tem sido de bom nível mais este ano, apesar de bons filmes lançados, algumas indicações decepcionaram. Tomara que em 2014, o “Oscar” volta a ter mais critério e indique filmes melhores.


“Os Miseráveis” de Tom Hooper
Gosto de musicais. Cresci vendo muitos filmes deste gênero que respeito e admiro até hoje. Mas esta versão exagerada de “Os Miseráveis” navega entre belas cenas e momentos sem a menor inspiração. O diretor e os atores se esforçam para fazer um grande filme usando todos os recursos que conhecem mais com um roteiro que mistura vários elementos da história principal de Vitor Hugo e que altera algumas questões básicas da história original, o filme não se sustenta. O filme é longo, às vezes literalmente chato, com atuações exageradas (especialmente Hugh Jackman e Anne Hathaway) e muitas vezes incomoda deixando uma vontade enorme de ver outras versões desta bela história que já rendeu bons filmes no passado. A direção Tom Hooper (de “O Discurso do Rei”) procurou fazer um registro mais realista filmando os atores cantando de verdade nas cenas e com o enquadramento bem próximo do rosto de cada ator. Em muitos momentos isso funciona como um bom elemento dramático mais em outros é desnecessário, enfraquecendo a força de algumas canções interpretadas. Com relação ao “Oscar”, Anne Hathaway pode ser premiada num atuação completamente exagerada. Mas se ganhar, não vai surpreender. Afinal, decisões como essas são normais para o “Oscar”.

ESTRÉIA DA SEMANA

“A Hora Mais Escura”

DESTAQUES DA SEMANA

“O Som ao Redor” de Kleber Mendonça (Cine Líbero Luxardo)
“O Porto” (Cine Estação)
“Johnny Vai à Guerra” de Dalton Trumbo (somente domingo no Cine Olympia)

AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira: Dia 25/02, em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Império da Paixão” em homenagem ao diretor Nagisa Oshima que faleceu recentemente. O filme será exibido às 19 h, entrada franca e debate após a exibição com críticos da ACCPA.

*Cine Olympia : Hoje é o último dia da mostra de filmes de Guerra que exibiu grandes clássicos do cinema. Neste domingo (dia 17/02) será exibido a obra-prima “Johnny Vai à Guerra” de Dalton Trumbo às 18:30 h com entrada franca. Na sessão Cinemateca, hoje às 16h, será exibido “A Lágrima que Faltou” em homenagem ao ator Danny Kaye.
*Cine Líbero Luxardo: Dia 13 à 24/02, serão exibidos dois filmes em diversas sessões: “O Som ao Redor” de Kleber Mendonça (um dos filmes brasileiros mais elogiados dos últimos anos) e “Django Livre”. Na sessão Cult do dia 24/02 será exibido “Z” de Costa Gavras às 15h com debate após a exibição com críticos da ACCPA.


*Cine Estação : “O Porto” de Aki Kaurismaki está em exibição na seguintes datas : 17 (domingo): às 10h, 18h e 20h30, 20 (quarta): às 18h e 20h30, 21 (quinta): às 18h e 20h30 e 24 (domingo): às 10h, 18h e 20h30.

Um comentário:

R Wolf disse...

Olá Arnaldo, venho a algum tempo lendo suas críticas na revista Troppo da oliberal. E gostei dessa semana também.Valeu!

Coluna Cineclube - Dia 29/01/23