domingo, 10 de fevereiro de 2013

CINE TROPPO - SEMANA DE 08 À 14/02/13

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira

Críticas

“DJANGO LIVRE de Quentin Tarantino.
“Django Livre” é o melhor filme de Quentin Tarantino desde o excelente “Jackie Brown”. Neste seu novo filme, a questão da escravidão, da vingança, da violência dentro e fora dos personagens e o “plágio” de várias sequências dos grandes filmes (e também de filmes menores) do gênero “western” surgem dentro do estilo do diretor que somente ele sabe como fazer e ainda ser admirado por parte da crítica e por grande parte do público. Em “Django Livre”, os personagens são bem definidos, cada um com sua função clara de construir uma história de vingança e também de amor do escravo Django que luta para reencontrar sua esposa. A odisseia deste personagem, suas dificuldades, seu encontro com um caçador de recompensas, seu reencontro com os homens que lhe maltrataram e finalmente seu êxtase final em comemorar afinal sua vingança e redenção são mostrados em cenas impactantes visualmente, com vários diálogos interessantes (e muitas vezes com uma leve impressão de “deja vu”) e também com uma clara demonstração da cinefilia do diretor que realmente foi/é/sempre será influenciado pelo cinema. Tudo isto faz de “Django Livre” um bom filme, e só. Nada demais no tema, na abordagem, na narrativa. É Tarantino, do início ao filme. É um filme que deve ser visto. E ponto. Não vejo porque a valorização demasiada da obra deste bom diretor. Neste sentido, Tarantino é bom de fazer filme mais é excelente em fazer o marketing de seus filmes que parecem ser melhores do que realmente são. Querer encontrar em seu trabalho alguma profundidade nos temas que aborda (ou copia) é missão impossível. Outros cineastas da sua geração que fazem filmes muito melhores mais que são pobres de marketing, não merecem tanta atenção da mídia e do público. Por que será? Por que será que Hollywood aplaude seu talento, as bilheterias a cada filme crescem, o público fica fascinado com as “cenas” magistrais que ele cria (ou recria) e isto é o suficiente? Sua obra é merecedora de tanta atenção? Boas questões a serem discutidas e refletidas ainda mais quando tantos filmes e diretores bons e melhores não estão sob os “holofotes” da mídia e do público. De qualquer forma, à parte das reflexões sobre sua obra, repito, “Django Livre” é seu melhor filme desde “Jackie Brown”. Como “menos” violência e exageros, Tarantino fez um bom filme que revela mais do que nunca sua arte em fazer bons filmes mais principalmente sua arte em vendê-los aos grandes estúdios e ao grande público. Será sempre assim? Cada filme seu será um evento? Espero que não. Afinal, temos mais e melhores filmes para ver e discutir.


“LINCOLN" de Steven Spielberg. Não sou fã da obra de Steven Spielberg. Seus filmes geralmente refletem um patriotismo exagerado e ao mesmo tempo velado que sempre me incomodou muito. Ele é o mestre de cerimônia do “american way of life” há décadas. Mesmo assim, sabe como dirigir um filme e em “Lincoln” provou que é um bom diretor de cinema e não apenas um mestre de cerimônia. Ao fazer um filme sobre o ex-presidente Abraham Lincoln, Spielberg soube conduzir uma narrativa inteligente onde os diálogos são fundamentais, deixando de lado os maneirismos formais característicos de sua carreira. O filme tem cenas brilhantes, diálogos reveladores e uma sensibilidade à história que é exemplar. Longe de endeusar o personagem, o roteiro permite uma aproximação real com Lincoln mostrando uma parte de vida política e seu modo de fazer o jogo do sistema para conseguir seus objetivos, no caso, a luta pela aprovação de uma emenda que daria a liberdade aos escravos e que por consequência poderia reduzir e até mesmo terminar a guerra civil americana. Revelando o caminho do poder, seus mecanismos e suas influências, o roteiro deu chance de Spielberg valorizar os acontecimentos históricos abordados realizando cenas antológicas sobre o caráter e o que o poder representava para Lincoln e a política e a América deste período. “Lincoln” é o melhor filme de Spielberg desde “Munique”. Em nenhum momento, o filme se rende a narrativa mais fácil e acessível (que o próprio diretor ajudar a construir em vários filmes que resultaram num padrão de seu sucesso). Em certos momentos, o filme é tão profundo nas suas intenções com diálogos tão consistentes e bem escritos e filmados que parecem ser uma grande peça de teatro, filmada por um mestre do cinema que soube registrar e equilibrar o melhor de cada atuação, cada diálogo, cada iluminação e enquadramento. Aqui, Spielberg se revela um diretor com talento para fazer mais e melhor. Tomara que isso aconteça com mais frequência. Não poderia deixar de comentar a atuação do grande Daniel Day Lewis que está absurdamente perfeito interpretando o protagonista. Um atuação histórica e mágica que merecer ser premiada.

ESTRÉIAS DA SEMANA
“O Som ao Redor” de Kleber Mendonça
“O Vôo” de Robert Zemeckis
“Meu Namorado é um Zumbi”
“As Aventuras de Tadeo”
“Tainá – A Origem”

AGENDA

*Cineclube Alexandrino Moreira: Dia 25/02, em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Império da Paixão” em homenagem ao diretor Nagisa Oshima que faleceu recentemente. O filme será exibido às 19 h, entrada franca e debate após a exibição com críticos da ACCPA.
*Cine Olympia : Continua a mostra de filmes de Guerra com grandes clássicos do cinema. Neste domingo (dia 10/02) será exibido “A Raposa do Deserto” com James Mason. A mostra continua a partir de quarta-feira (segunda e terça não haverá sessão) com filmes como “Fogo na Planície” encerrando no próximo domingo com “Johnny Vai à Guerra” de Dalton Trumbo.
*Cine Líbero Luxardo: Dia 13 à 24/02, serão exibidos dois filmes em diversas sessões: “O Som ao Redor” de Kleber Mendonça (um dos filmes brasileiros mais elogiados dos últimos anos) e “Django Livre”. Na sessão Cult do dia 24/02 será exibido “Z” de Costa Gavras com debate após a exibição com críticos da ACCPA.

*Cine Estação : “O Porto” de Aki Kaurismaki está em exibição na seguintes datas :13 (quarta): às 18h e 20h30, 14 (quinta): às 18h e 20h30, 17 ( domingo): às 10h, 18h e 20h30, 20 (quarta): às 18h e 20h30, 21 (quinta): às 18h e 20h30 24 (domingo): às 10h, 18h e 20h30.

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Coluna Cineclube - Dia 13/10/24