sábado, 25 de fevereiro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 24/02 À 01/03/12

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho
Lançamentos da Semana
Caso não haja alterações de última hora, as estréias da semana são “Tão Forte e Tão Perto” e “A Mulher de Preto”.
Em "Tão Forte e Tão Perto", Oskar Schell, aos 11 anos de idade, é uma criança excepcional: inventor amador, admirador da cultura francesa, pacifista. Depois de encontrar uma misteriosa chave que pertencia a seu pai, que morreu no World Trade Center no 11/09, ele embarca em uma incrível jornada -- uma urgente e secreta busca por um segredo pelas cinco regiões de Nova York. Enquanto Oskar vaga pela cidade, ele encontra pessoas de topos os tipos, todos sobreviventes em seus próprios caminhos. Por fim, a jornada de Oskar termina onde começou, mas com o consolo da experiência mais humana de todas: o amor. O filme é uma adaptação de 'Extremamente Alto & Incrivelmente Perto' (Extremely Loud & Incredibly Close), livro de Jonathan Safran Foer.No elenco, Tom Hanks, Sandra Bullock e o grande ator Max Von Sydow (ator de vários filmes do cineasta Ingmar Bergman).
Em 'A Mulher de Preto', o jovem advogado londrino Arthur Kipps (Daniel Radcliffe) é forçado a deixar seu filho de três anos e viajar para a pequena vila de Crythin Gifford para tratar dos assuntos do recentemente falecido dono da Casa Eel Marsh. Mas quando ele chega à arrepiante mansão, descobre segredos obscuros no passado da cidade. Sua sensação de mal-estar aumenta quando ele vislumbra uma misteriosa mulher toda vestida de preto.No elenco, Daniel Radcliffe, Janet McTeer, Ciarán Hinds,


QUADRO DE COTAÇÕES / ACCPA
FILMES MARCO MOREIRA PEDRO VERIANO LUZIA ÁLVARES
“A Dama de Ferro” Razoável/Razoável/Razoável
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“A Invenção
de Hugo Cabret” Excelente/Excelente/Excelente
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“Reis e Ratos” Fraco/-/ -
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“Brinquedo
Proibido” Excelente/Excelente/ Excelente
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“Este Obscuro
Objeto do Desejo”
(DVD) Excelente/Muito Bom/Excelente
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“Toda Forma
de Amor””(DVD) Muito Bom/Bom/Muito Bom
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HOJE É DIA DE “OSCAR”
O mundo do cinema hoje está voltado para a premiação do “OSCAR”, o maior prêmio do cinema americano. Como sempre, é bom lembrar que o “OSCAR” é um prêmio da indústria americana para os filmes americanos, com algumas raras exceções. Somando as injustiças e premiações absurdas que estão registradas na história do prêmio, não há como não fazer uma crítica dura e realista sobre o que o prêmio significa. Mas querendo ou não, o “OSCAR” é um prêmio que mobiliza o mundo do cinema de forma geral. Particularmente, considero muito mais os filmes premiados em festivais como Cannes que certos premiados pela indústria americana mais é bom registrar que nos últimos anos, os filmes indicados foram de alto nível, revelando a qualidade do cinema americano que está sempre em evolução. Este ano, pelo menos quatro grandes produções estão concorrendo ao prêmio de melhor filme: “A Árvore da Vida” de Terrence Malick, “A Invenção de Hugo Cabret” de Martin Scorsese, “Meia Noite em Paris” de Woody Allen e “O Artista” de Michel Hazanivicus (produção França/EUA). Tudo indica que a obra-prima de Mallick infelizmente não será premiada mais sim, “O Artista”, bela homenagem ao cinema que realmente surpreendeu. Mas quem sabe, os filmes de Mallick e Scorsese possam surpreender. Woody Allen deve ficar com o prêmio de melhor roteiro original e como sempre, não deve comparecer na cerimônia.
Na categoria de melhor direção, acredito que Martin Scorsese deve ganhar mas Michael Hazanivicus (O Artista) é outro favorito. Para melhor ator, o favorito é George Clooney por “Os Descendentes” numa atuação comum e sem novidades mais espero que Jean Dujardin (O Artista) ou Demian Bichir (A Better Life) levem o prêmio pois tiveram atuações excelentes em seus filmes. Para melhor atriz, as favoritas são Meryl Streep (excelente em “A Dama de Ferro”) e Viola Davis (“Histórias Cruzadas”) mais a atuação de Meryl Streep é sempre diferenciada. Espero que ela ganhe o prêmio depois de tantas indicações sem vitórias. Sinceramente, desejo que “A Invenção de Hugo” ganhe vários prêmios, pelo menos nas categorias técnicas pois o que vemos na tela é um trabalho excepcional cheio de criatividade e sensibilidade. Já na categoria de melhor filme estrangeiro, o filme iraniano “A Separação” é o favorito. Já vi o filme e realmente é um trabalho excelente, com uma força dramática que merece ser evidenciada. Mas nesta categoria, normalmente os favoritos não ganham. Vamos esperar e torcer. “A Separação” já está agendado para ser lançado por aqui no circuito alternativo.No mais, é torcer, criticar e esperar que os filmes premiados e indicados pelo menos em sua maioria, cheguem ao circuito local de exibição.

Crítica/”A Invenção de Hugo Cabret”
O cinema nasceu pelas mãos dos irmãos Lumiére em 1895 quando eles criaram o cinematographo, equipamento que podia registrar o mundo como ele é. Mas foi com artistas como Georges Mélies, que esta nova invenção tomou outros rumos ao filmar o mundo como ele poderia ser. Com isso, o cinema mudou o mundo, as pessoas e o sentido da vida. Relembrar e dimensionar este momento histórico em forma de poesia é o objetivo do cineasta Martin Scorsese em “A Invenção de Hugo Cabret”, através do genial roteiro de John Logan baseado em um livro de Brian Selznick.. No filme, a áurea poética deste mundo dos sonhos que o cinema pode e deve criar, surge a partir da história de um menino chamado Hugo que vive na estação de trem de Paris, em busca de uma mensagem que seu pai teria lhe enviado antes de morrer. Esta busca humana, necessária e inevitável do personagem Hugo pelo amor de seu pai acaba se cruzando com outra busca perdida de um personagem chamado George que é dono de uma loja de brinquedos e que tem um passado misterioso. Estes dois personagens têm suas histórias parecidas e ao mesmo tempo diferentes. Ambos buscam algo perdido, mas este velho senhor, dono de uma simples loja de brinquedos, é descrente, amargo, triste pelo que deixou de fazer. Já Hugo é persistente, intuitivo, esperto e aprendeu cedo a lidar com as dificuldades. Acompanhando a odisséia destes dois personagens, vivenciamos seu mundo de buscas, alegrias, tristezas e sonhos.
Hugo, através de um boneco mecânico que seu pai tinha achado e desde então tentava consertar até falecer num incêndio, tenta encontrar uma mensagem de seu pai. Já o velho senhor George, acaba encontrando em Hugo, um elo com seu sonho de vida. Pois ele é o grande George Mélies, cineasta e produtor esquecido numa velha estação de trem depois de ter quebrado financeiramente e perdido todo o seu legado de mais de 500 filmes que encantaram e fizeram milhares de pessoas sonhar. A vida é mais difícil que a arte e Mélies vive agora um presente amargo. Mas ao reencontrar Hugo, ele resgata o seu passado, relembra sua antiga paixão e percebe, de uma forma que somente o cinema pode criar, seus sonhos cruzarem com os sonhos de um menino que ressuscita sua importância, sua finalidade, a finalidade do cinema : sonhar.
Recuperando a memória do grande George Mélies dentro de uma história de sonhos que envolve o amor paterno, ilusões, desilusões, amor, realidae, sonhos e esperança, Martin Scorsese realizou uma das mais belas homenagens ao cinema que já vi até hoje. Afinal, o encontro de Mélies com Hugo, é uma ode a importância da sétima arte dentro da vida de cada um de nós que amamos o cinema e nele, procuramos nosso caminho de sonhos e realidade. E para mostrar que o cinema pode e deve nos emocionar, Scorsese utiliza com sensibilidade a tecnologia do 3D, criando sequências fantásticas que mais do que mostrar a evolução dos efeitos visuais, mostra a poesia que estas imagens revelam para todos os espectadores que ficam basicamente encantados pela forma como a Scorsese trabalha tantos sentimentos e emoções próximos de todos nós..
“A Invenção de Hugo Cabret” é um raro exemplo de emoção, tecnologia e poesia no cinema moderno. Além disso, homenageando o cinema, Scorsese resgatou a importância de George Mélies, um artista que desde cedo viu na sétima arte a força do sonho e da felicidade, provando que a tecnologia pode e deve estar a serviço da criatividade, sensibilidade e emoção. Quem ama o cinema, certamente vai se apaixonar por “A Invenção de Hugo”. Ainda envolvido emocionalmente com o filme, imagino a emoção que meu pai Alexandrino Moreira teria ao ver este filme. Ele que era um homem apaixonado pelo cinema e que me ensinou a amar esta arte da mesma forma intensa e verdadeira, para sempre. Ele teria adorado “A Invenção de Hugo Cabret”. Por isso, dedico esta crítica ao meu pai, lembrando de todos nós que amamos o cinema (como meus queridos amigos Pedro Veriano e Luzia Álvares que também se emocionaram com o filme) e citando um trecho de uma canção composta pelo grande Egberto Gismonti (música) em parceria como João Carlos Pádua (letra) chamada “Mais que a Paixão”. Aqui, a referência da letra é com a música mais certamente, usando uma certa liberdade poética, digo que a mensagem serve perfeitamente para toda arte, em especial, o cinema.
“Não espere encontrar numa canção, nada além de um sonho. Nada além de uma ilusão. Talvez quem sabe a verdade, a infinita vontade de arrancar de dentro da noite a barra clara do dia”
(Marco Antonio Moreira)

AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira: A ACCPA em parceria com IAP exibe no dia 27/02 o filme “Este Obscuro Objeto do Desejo”, último filme dirigido pelo grande cineasta Luis Buñuel (A Bela da Tarde/Os Esquecidos) em 1977. Após entrar em um trem, homem joga um balde d'água em uma bela moça que estava parada na plataforma. Surpresos, os outros passageiros desejam saber o que o levou a agir de tal maneira. É quando ele começa a relatar a todos, desde o início, sua obsessão por Conchita, uma virgem de 18 anos que começara a manipular seu desejo carnal em um verdadeiro jogo de gato e rato. O filme será exibido às 19h com entrada franca e debate após a exibição.
*Cine Olympia: A mostra “Cinema e Carnaval” tem hoje seu último dia de exibição com o filme “Orfeu de Carnaval”(Orfeu Negro), produção de 1959. A sessão começa às 18:30 h com entrada franca. A partir de terça-feira, dia 28, inicia a mostra ERYK ROCHA, com filmes dirigidos pelo jovem e promissor cineasta, filho de Glauber Rocha. Na programação, serão exibidos “A Rocha que Voa” (Dias 28 e 29/02, “Intervalo Caldestino”(Dias 01 e 02/03), “Pachamama”(Dias 03 e 04) e o seu primeiro longa-metragem de ficção, “Transeunte” (De 06 à 18/03).Entrada franca com sessão de terça à domingo às 18:30 h.
*Cine Líbero Luxardo: Continua em exibição o filme ”Triângulo Amoroso”, de Tom Tykwer, diretor de “Corra, Lola, Corra” e “Perfume – A História de um Assassino” . O filme será exibido nas seguintes datas: dias 26/02 (17h e 19h), 29/02 a 03/03 (19h) e 04/03 (17h e 19h).
*Cine Estação: “O Garoto da Bicicleta”, belo filme dos irmãos Dardenne (realizadores de “A Criança”) será a próxima atração do Cine Estação em março. O filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes ano passado e certamente será um dos melhores filmes este ano na cidade.

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Coluna Cineclube - Dia 29/01/23