CINE TROPPO
Marco Antonio
Moreira Carvalho
“Cinema Novo” de
Eryk Rocha estreia em Belém
O
Cinema Novo foi um dos movimentos cinematográficos mais importantes da sétima
arte. Um grupo de cineastas brasileiros indicou outros olhares da nossa
realidade através do cinema procurando filmar um Brasil que raramente parecia
real nas telas, Muita coisa mudou com os filmes de diretores como Glauber Rocha
no início dos anos 60. “Esquecidos” durante algum tempo por um país sem memória
como o Brasil, estes personagens retornam através do documentário “Cinema Novo”
do filho de Glauber Rocha, Eryk. A ideia do diretor é registrar as histórias e
legado desse movimento como uma forma de homenagear e inspirar novas gerações.
Pela reação da crítica, Eryk Rocha atingiu seu objetivo. O filme foi premiado no
Festival de Cannes e tem sido aclamado por grande parte da crítica nacional e
internacional. “Cinema Novo” estreou em nosso circuito esta semana. Confira uma
parte da entrevista que o diretor Eryk Rocha deu para o site “Metrópolis”
quando o filme foi lançado no Brasil:
- Paralelo entre os filmes do Cinema Novo e o Brasil de
Hoje
O Rogério Sganzerla (ícone do Cinema Marginal, diretor do clássico “O Bandido da Luz Vermelha”) dizia uma coisa que acho muito interessante que é: “só o estilo resiste ao tempo”. Então vários destes filmes, além de serem filmes daquele momento, eram filmes que falam do Brasil, do povo brasileiro, muitos deles trazem uma forma muito inovadora, uma nova forma de fazer cinema e isso é eterno, se comunicava com várias gerações através do tempo. Então nesse estado de espírito o Cinema Novo é algo muito atual quando se vê que o Brasil está vivendo um momento de ebulição e transformação política.
O Rogério Sganzerla (ícone do Cinema Marginal, diretor do clássico “O Bandido da Luz Vermelha”) dizia uma coisa que acho muito interessante que é: “só o estilo resiste ao tempo”. Então vários destes filmes, além de serem filmes daquele momento, eram filmes que falam do Brasil, do povo brasileiro, muitos deles trazem uma forma muito inovadora, uma nova forma de fazer cinema e isso é eterno, se comunicava com várias gerações através do tempo. Então nesse estado de espírito o Cinema Novo é algo muito atual quando se vê que o Brasil está vivendo um momento de ebulição e transformação política.
- O Cinema Novo
e o legado para as novas gerações
A pergunta que eu me faço é como o cinema atual vai testemunhar esse momento do Brasil? Como não só a minha geração, mas o audiovisual no Brasil vai olhar e interpretar esse Brasil que está em movimento? Como vai dialogar com isso? Então a grande herança, o grande legado que o Cinema Novo deixa, é o legado de pensar possibilidades do cinema em qualquer época, inclusive agora, de estar pensando sobre sua própria época.
A pergunta que eu me faço é como o cinema atual vai testemunhar esse momento do Brasil? Como não só a minha geração, mas o audiovisual no Brasil vai olhar e interpretar esse Brasil que está em movimento? Como vai dialogar com isso? Então a grande herança, o grande legado que o Cinema Novo deixa, é o legado de pensar possibilidades do cinema em qualquer época, inclusive agora, de estar pensando sobre sua própria época.
- O desafio de
um cinema de memória para o futuro
Teve três forças primordiais que me moveram a fazer esse filme e que estou começando a assimilar agora que o projeto está nascendo: tentar entender melhor de onde vim, as minhas raízes, não só afetivas e familiares, mas no sentindo da importância que o Cinema Novo teve para muita gente da minha geração. O outro ponto é para saber por que eu quero continuar a fazer cinema. Estou com 38 anos de idade, esse é meu sétimo longa-metragem, então comecei a me perguntar o que me movia a continuar inventando filmes neste país hoje. Esse mergulho no movimento do Cinema Novo me contagiou estudar, ler sobre todos esses autores, isso tudo me revigorou muito, me fez pensar por que eu quero continuar fazendo filmes. E o terceiro ponto de fazer esse filme é o desejo de tentar entender melhor o país hoje, não o país daquela época, anos 60. Então, nesse sentido, fazer um filme de memória me interessa à medida que essa memória é a construção do futuro também, não a memória do museu, nostálgica, do passado, da mistificação cristalizada, e sim uma memória que está em movimento. Os próprios filmes do cinema novo ganharam movimento com o tempo e podem ser reinterpretado hoje.
Teve três forças primordiais que me moveram a fazer esse filme e que estou começando a assimilar agora que o projeto está nascendo: tentar entender melhor de onde vim, as minhas raízes, não só afetivas e familiares, mas no sentindo da importância que o Cinema Novo teve para muita gente da minha geração. O outro ponto é para saber por que eu quero continuar a fazer cinema. Estou com 38 anos de idade, esse é meu sétimo longa-metragem, então comecei a me perguntar o que me movia a continuar inventando filmes neste país hoje. Esse mergulho no movimento do Cinema Novo me contagiou estudar, ler sobre todos esses autores, isso tudo me revigorou muito, me fez pensar por que eu quero continuar fazendo filmes. E o terceiro ponto de fazer esse filme é o desejo de tentar entender melhor o país hoje, não o país daquela época, anos 60. Então, nesse sentido, fazer um filme de memória me interessa à medida que essa memória é a construção do futuro também, não a memória do museu, nostálgica, do passado, da mistificação cristalizada, e sim uma memória que está em movimento. Os próprios filmes do cinema novo ganharam movimento com o tempo e podem ser reinterpretado hoje.
INDICAÇÕES
ESTREIAS
“Cinema Novo”
Filme de Eryk Rocha
Cine Líbero Luxardo
CONTINUAÇÃO
“Elis"
Filme de Hugo Prata
Com Andréa Horta
CURSO
“Lavoura Arcaica e Outros
Diálogos entre Cinema e Literatura”
De 05 a 14/12/16
Casa das Artes
CINECLUBE
“Capacete
de Aço” (1961)
Filme
de Samuel Fuller
Cineclube
Alexandrino Moreira - Dia 05/12
MEMÓRIA
“O
Desprezo” (1965)
Filme
de Jean-Luc Godard
Cartaz
exibido nos cinemas franceses americanos nos anos 60
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira (Casa das Artes):
Dia 28/11 – O Cinema de Samuel
Fuller: “Capacete de Aço” (1961). Sessão
às 19 h. Entrada franca e debate após a exibição.
*Cine Olympia:
Até dia 07/12 – “4 Dias de Maio”.
Sessão às 18h30min (exceto domingo às 17h30min). Entrada franca. Dia 10/12 – Projeto
Cinema e Música com “Intolerância”(1916) de David W. Griffith. Sessão Pas 17h.
Entrada franca.
*Cine Líbero Luxardo:
Até dia 11/12 – “Meu Rei” e “Cinema
Novo”.
*Centro de Estudos Cinematográficos (Casa das Artes):
Dia 06/12 - "O
Cinema de Manoel de Oliveira”. Palestra sobre um dos maiores diretores do
cinema. Horário: 18h30min.