Cine Troppo
Marco Antonio Moreira Carvalho
“DEPOIS DE LÚCIA” PROVOCA O ESPECTADOR
COM TEMAS POLÊMICOS E ATUAIS
Elogiado em vários festivais e por grande parte da crítica internacional, “Depois de Lúcia” chega ao circuito exibidor local para provocar polêmica. É um filme devastador porque aborda vários temas atuais de forma direta, sem exageros e nos faz pensar sobre o estado das coisas e pessoas nos dias de hoje. Afinal, o que somos e o que nos tornamos? A partir de um caso de “bullying” que uma estudante sofre numa escola, o filme questiona e ao mesmo denuncia a indiferença das pessoas e das instituições. Todas as sequências são filmadas com plano médio, estático. Não há movimentação da câmera. Tudo para evidenciar os personagens, seus sentimentos, seus bloqueios, suas emoções e seu mundo de indiferenças. O filme começa com uma jovem estudante e seu pai mudando-se para outra cidade para recomeçar depois da morte da mãe. Lentamente, através de poucos diálogos entre pai e filha, descobrimos que a mãe morreu quando a filha estava aprendendo a dirigir e cometeu um erro, causando o acidente mortal. Devastados, pai e filha tentam recomeçar. O pai, trabalhando em um novo negócio e a filha indo para a escola. Lá, aos poucos tenta se socializar mas devido a culpa pela morte da mãe, ela progressivamente vai aceitando o “bullying” dos colegas da escola. Cenas fortes, para alguns até exageradas, provocam o espectador. Mas o diretor não quer falar apenas disso. Ele usa este caso para mostra a indiferença das pessoas e o distanciamento das instituições sobre situações como esta. Escola, famílias, policia, alguém se interessa pelo drama da garota? Alguma mudança à vista?
Vivemos num mundo de intolerâncias e indiferenças?
“Depois de Lúcia” faz estas e outras perguntas ao abordar estes assuntos com simplicidade e sensibilidade. No final polêmico, a crueldade assume o comando. Mas o que é a crueldade? Resultado da indiferença, da insensibilidade, do individualismo das pessoas hoje? O filme é seco, não tem interesse em emocionar mas sim em chocar, sacudir, provocar reações. E consegue. Duro, forte, realista e polêmico, “Depois de Lúcia” merece ser visto e discutido. Poucos diálogos, uma forma de filmar diferenciada e um realismo incomum podem incomodar o espectador mais filmes como este lançam um olhar voraz sobre o que aparentemente é normal nos dias de hoje e deixa claro que manifestações como “bullying”, vingança, individualismo, adolescência perdida (?) e o abandono das instituições “oficias” sobre estes problemas não podem ser desconsideradas. Ao contrário, merecem discussão para saber até que baixo nível nossa sociedade pode ainda chegar.
ESTRÉIAS DA SEMANA
“Depois de Lúcia” (Cine Líbero Luxardo) foi exibido no Festival de Cannes e retrata a degeneração moral e ética por trás do "bullying".
“Sob Você, A Cidade” (Cine Olympia)
“Velozes e Furiosos 6”
“Sem Tormento” de Robert Redford
INDICAÇÕES
DVD
“Medo e Desejo” é o primeiro filme dirigido por Stanley Kubrick (2001/Laranja Mecânica/O Iluminado). Depois que conseguiu o controle completo de sua obra, Kubrick não permitiu que este filme fosse distribuído e/ou exibido por ter sido realizado de forma amadora. Com o tempo, o filme virou uma raridade que finalmente agora chega em DVD para o delírio dos fãs do diretor.
“Carrossel da Esperança” tem na direção o genial Jacques Tati, mesmo diretor de “Meu Tio” e “As Férias do Mr. Hulot”. Em 1947, Tati realizaou “Carrosel da Esperança” em duas versões: colorido e preto e branco. Quando foi lançado em 1949, o público só pode ver a cópia em preto e branco. Agora, nesta versão restaurada, podemos ver o filme tal como Tati desejou desde o início.
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira (Auditório do IAP):
Dia 03/06 - “O Vídeo de Benny” de Michal Haneke Exibição às 19h. Entrada Franca.
Dia 17/06 – “O Sétimo Sêlo” de Ingmar Bergman. Exibição às 19h. Entrada Franca.
*Debate após a exibição com críticos da ACCPA.
Apoio: ACCPA.
*Cine Olympia:
De 24 à 30/05 – “Sob Você, A Cidade” de Christoph Hochhäusler. Exibido na Mostra “Un Certan Regard” do Festival de Cannes. Sessão às 18:30 . Entrada Franca.
Apoio : Instituto Goethe.
Dia 26/05 – “Gilda” com Rita Hayworth. Sessão Cinemateca. Exibição às 16h. Entrada Franca.
Apoio : ACCPA
Dia 31/05 – “Nunca fui tão Feliz” de Alexander Adolph
Programação completa no site www.cinemaolympia.com.br.
*Cine Líbero Luxardo:
De 22 à 02/06 – “Depois de Lúcia”. Premiado em Cannes, o longa do diretor mexicano Michel Franco retrata a degeneração moral e ética por trás do bullying.
Dia 01/06 – “Trono Manchado de Sangue” de Akira Kurosawa. Sessão Cult às 16h com entrada franca de debate após a exibição. Apoio : ACCPA.
sábado, 25 de maio de 2013
domingo, 19 de maio de 2013
CINE TROPPO - SEMANA DE 17 À 23/05/13
Cine Troppo
Marco Antonio Moreira Carvalho
Crítica/“Somos tão Jovens”
Renato Russo foi um dos artistas mais influentes do rock brasileiro e sua morte em 1996 acabou interrompendo uma criatividade que parecia não ter limites. Renato escrevia letras simples e complexas, diretas e ambíguas, sempre provocando o público ao mesmo tempo que fazia sucesso nas rádios. Com a banda Legião Urbana, ajudou a mudar a “cara” de Brasília e porque não, do Brasil. Afinal, no início dos anos 80 a ditadura estava acabando e a liberdade era a palavra mestra. Com tantas histórias de quebra de convenções, drogas, conflitos e dificuldades que cercaram a vida de Renato e da banda, certamente uma cinebiografia seria feita um dia, especialmente após o sucesso de “O Tempo não Pará”(Cazuza). Mas em “Somos tão Jovens”, vemos uma filme de ficção com um errado tom documental, ao estilo”Globo Reportér” onde tudo parece ser caricato, bonitinho demais, certinho demais. Pelo filme, Renato e a Legião, tinham tudo para dar certo. O rock de Brasília também. O Brasil também. Mas não era assim. A história é outra. Não vejo os conflitos da banda, a transgressão que o rock significava naquele momento, a importância dos temas que foram abordados nas letras de Renato e sua influência na juventude daquele momento, o que era o Brasil nos anos 80/90. E falar sobre Renato Russo é falar também de um momento histórico neste país. A vida de Renato tinha/tem esse pano de fundo que não foi explorado nem um pouco. Com um roteiro limitado na sua abordagem, uma direção sem criatividade e atores sem destaque (com exceção do protagonista que às vezes consegue impressionar), “Somos tão Jovens” é um produto feito para reacender a obra da Legião Urbana para novas gerações. Sem inspiração, é um filme errado e aquém da história de Renato Russo. Tempo Perdido? Talvez não. Se o filme ajudar na divulgação da obra da Legião e inspirar novas bandas, pode ser que nem tudo tenha sido em vão nesta produção bem intencionada mas pequena demais pra a grandeza da história que pretendia relatar.
INDICAÇÃO
-BLU-RAY : “Cidadão Kane” de Orson Welles é um dos maiores filmes da história do cinema e há décadas esta na relação dos 50 melhores filmes de todos os tempos. A versão em blu-ray desta obra prima realça toda a qualidade técnica do filme com destaque para a excelente fotografia de Greg Tolland que até hoje serve de inspiração para novos realizadores.
ESTRÉIAS DA SEMANA
“Reino Escondido”(3D)
“O Massacre da Serra Elétrica”(3D)
“Giovani Improta”
PRÓXIMOS LANÇAMENTOS
“Faroeste Caboclo”(Dia 31/05)
“O Abismo Prateado” de Karim Ainouz (Junho)
“Amor Pleno” de Terrence Malick (Junho)
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira (Auditório do IAP):
Dia 20/05 - “Pai Patrão” dos irmãos Taviani. Premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Exibição às 19h. Entrada Franca. Debate após a exibição com críticos da ACCPA. Apoio: ACCPA. Em Junho – “O Vídeo de Benny” de Michael Haneke e “O Sétimo Sêlo” de Ingmar Bergman.
*Cine Olympia:
De 17 à 23/05 - “IV Mostra de Cinema da Amazônia”. Exibição de vários filmes como “Matinta” de Fernando Segtowick, “Muragens” de Andrei Miralha, “Ver-o-peso” de Januário Guedes e “Chama Verequete” de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreiro. Sessão às 18:30 h. Programação completa no site www.cinemaolympia..com.br.
Dia 19/05 - “Imagine John Lennon”. Documentário sobre o músico John Lennon realizado em 1988. Sessão Cinemateca com o projeto “Cinema e Clássicos do Rock”. Sessão às 16h. Entrada Franca. Antes da exibição, serão executadas músicas ao vivo de John Lennon por músicos convidados.
*Cine Líbero Luxardo:
De 15 à 26/05 - ''Super Nada'' de Rubens Rewald com Larissa Salgado e Jair Rodrigues. Horários : De 15 a 18/05 (quarta a sábado) - 19h, Dia 19/05 (domingo) às 17h e 19h, De 22 a 26/05 (quarta a domingo) - 19h. Na cidade de São Paulo vive Guto, um ator que sonha em ser grande. Ele se prepara, se exercita, vai a todos os testes e acredita que a sua grande chance pode vir a qualquer momento.
Dia 22/05 – “Depois de Lúcia” de Michel Franco
*Cine Saraiva : Dia 30/05 - "Gattaca" com Uma Thurman e Ethan Hawke. Sessão às 18h. Entrada Franca. Parceria da ACCPA com a Academia Paraense de Ciências. Dia 06/06 - "Darkman - Vingança sem Rosto" de Sam Raimi
Marco Antonio Moreira Carvalho
Crítica/“Somos tão Jovens”
Renato Russo foi um dos artistas mais influentes do rock brasileiro e sua morte em 1996 acabou interrompendo uma criatividade que parecia não ter limites. Renato escrevia letras simples e complexas, diretas e ambíguas, sempre provocando o público ao mesmo tempo que fazia sucesso nas rádios. Com a banda Legião Urbana, ajudou a mudar a “cara” de Brasília e porque não, do Brasil. Afinal, no início dos anos 80 a ditadura estava acabando e a liberdade era a palavra mestra. Com tantas histórias de quebra de convenções, drogas, conflitos e dificuldades que cercaram a vida de Renato e da banda, certamente uma cinebiografia seria feita um dia, especialmente após o sucesso de “O Tempo não Pará”(Cazuza). Mas em “Somos tão Jovens”, vemos uma filme de ficção com um errado tom documental, ao estilo”Globo Reportér” onde tudo parece ser caricato, bonitinho demais, certinho demais. Pelo filme, Renato e a Legião, tinham tudo para dar certo. O rock de Brasília também. O Brasil também. Mas não era assim. A história é outra. Não vejo os conflitos da banda, a transgressão que o rock significava naquele momento, a importância dos temas que foram abordados nas letras de Renato e sua influência na juventude daquele momento, o que era o Brasil nos anos 80/90. E falar sobre Renato Russo é falar também de um momento histórico neste país. A vida de Renato tinha/tem esse pano de fundo que não foi explorado nem um pouco. Com um roteiro limitado na sua abordagem, uma direção sem criatividade e atores sem destaque (com exceção do protagonista que às vezes consegue impressionar), “Somos tão Jovens” é um produto feito para reacender a obra da Legião Urbana para novas gerações. Sem inspiração, é um filme errado e aquém da história de Renato Russo. Tempo Perdido? Talvez não. Se o filme ajudar na divulgação da obra da Legião e inspirar novas bandas, pode ser que nem tudo tenha sido em vão nesta produção bem intencionada mas pequena demais pra a grandeza da história que pretendia relatar.
INDICAÇÃO
-BLU-RAY : “Cidadão Kane” de Orson Welles é um dos maiores filmes da história do cinema e há décadas esta na relação dos 50 melhores filmes de todos os tempos. A versão em blu-ray desta obra prima realça toda a qualidade técnica do filme com destaque para a excelente fotografia de Greg Tolland que até hoje serve de inspiração para novos realizadores.
ESTRÉIAS DA SEMANA
“Reino Escondido”(3D)
“O Massacre da Serra Elétrica”(3D)
“Giovani Improta”
PRÓXIMOS LANÇAMENTOS
“Faroeste Caboclo”(Dia 31/05)
“O Abismo Prateado” de Karim Ainouz (Junho)
“Amor Pleno” de Terrence Malick (Junho)
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira (Auditório do IAP):
Dia 20/05 - “Pai Patrão” dos irmãos Taviani. Premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Exibição às 19h. Entrada Franca. Debate após a exibição com críticos da ACCPA. Apoio: ACCPA. Em Junho – “O Vídeo de Benny” de Michael Haneke e “O Sétimo Sêlo” de Ingmar Bergman.
*Cine Olympia:
De 17 à 23/05 - “IV Mostra de Cinema da Amazônia”. Exibição de vários filmes como “Matinta” de Fernando Segtowick, “Muragens” de Andrei Miralha, “Ver-o-peso” de Januário Guedes e “Chama Verequete” de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreiro. Sessão às 18:30 h. Programação completa no site www.cinemaolympia..com.br.
Dia 19/05 - “Imagine John Lennon”. Documentário sobre o músico John Lennon realizado em 1988. Sessão Cinemateca com o projeto “Cinema e Clássicos do Rock”. Sessão às 16h. Entrada Franca. Antes da exibição, serão executadas músicas ao vivo de John Lennon por músicos convidados.
*Cine Líbero Luxardo:
De 15 à 26/05 - ''Super Nada'' de Rubens Rewald com Larissa Salgado e Jair Rodrigues. Horários : De 15 a 18/05 (quarta a sábado) - 19h, Dia 19/05 (domingo) às 17h e 19h, De 22 a 26/05 (quarta a domingo) - 19h. Na cidade de São Paulo vive Guto, um ator que sonha em ser grande. Ele se prepara, se exercita, vai a todos os testes e acredita que a sua grande chance pode vir a qualquer momento.
Dia 22/05 – “Depois de Lúcia” de Michel Franco
*Cine Saraiva : Dia 30/05 - "Gattaca" com Uma Thurman e Ethan Hawke. Sessão às 18h. Entrada Franca. Parceria da ACCPA com a Academia Paraense de Ciências. Dia 06/06 - "Darkman - Vingança sem Rosto" de Sam Raimi
domingo, 12 de maio de 2013
CINE TROPPO - SEMANA DE 10 À 16/05/13
Cine Troppo
Marco Antonio Moreira
Crítica/“O Início do Fim”
O Início do Fim (Fat Man and Little Boy, EUA, 1989), dirigido por Roland Joffé, tem roteiro de Bruce Robinson e Roland Joffé de uma história de Bruce Robinson, apresenta o processo de pesquisa teórica e de engenharia que levaram ao projeto e construção das primeiras bombas atômicas da história.O coronel Leslie R. Groves (Paul Newman), engenheiro que trabalhou na construção do Pentágono, é designado para liderar um projeto secreto de guerra e ao aceitar a missão ganha a patente de general. O físico húngaro Leo Szilard (Gerald Hiken) dá a ele as primeiras informações sobre o projeto, em setembro de 1942: separar Urânio 235 em duas porções, reuni-las raqpidamente, de modo que a massa resultante desencadeie uma reação espontânea. O poder destrutivo seria imenso; a Alemanha poderia desenvolver algo semelhante.O primeiro cientista a ser requisitado por Groves é J. Robert Oppenheimer (Dwight Schultz), professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Em Los Álamos, Novo México, em abril de 1943, está em fase final a instalação de uma pequena cidade, secreta, um lugar que não existe para os moradores de Santa Fé. É o local onde se desenvolverá todo o trabalho, onde tudo é informação privilegiada, pertence ao Exército dos Estados Unidos. Na prática perseguem uma coisa: uma arma militar, uma nuclear, uma bomba atômica. A bomba será designada como “O Aparelho”, “O dispositivo”, The Device. Seria de Plutônio ou de Urânio 235?Os principais caracteres criados pelos atores e pelos autores do filme são baseados em pessoas reais. Entretanto, um jovem cientista, Michael Merriman (John Cusack), é um personagem inventado, de grande importância na construção do filme; ele sofre um acidente fatal quando trabalhava com outros colegas em uma experiência de laboratório. A enfermeira Kathleen Robinson (Laura Dern) apaixona-se por Merriman, os dois formando o casal romântico do filme. As questões científicas e técnicas são debatidas intensamente entre os cientistas, mas Groves é extremamente rígido nas questões de segurança; ele não quer discussão livre. Há outras restrições que causam uma revolta dos cientistas e que obriga Groves a recuar, em parte. Mas a censura e a fiscalização são permanentes em todo o processo.Groves recebe um comunicado secreto que indicava que os alemães não tinham a bomba e nem a teriam. Além de não ter a bomba, a Alemanha foi derrotada, mas o obsessivo Groves vai definir um novo motivo e alvo: o Japão. Oppenheimer também tem um motivo para continuar o trabalho. Em uma conversa com sua mulher Kitty (Bonnie Bedelia) ele argumenta: “- [...] se se pensa mais longe...é uma fonte ilimitada de energia. Pense sobre ela, Kitty. A força que dirige o universo, Está além da imaginação, realmente. E podíamos amansá-la. Um mundo novo.” Mas, um novo elemento perturbador vai surgir para o projeto: cientistas do grupo de Chicago manifestam-se contrários à utilização do dispositivo. À frente desse grupo está Leo Szilard, o mesmo que propôs a construção da bomba. Também em Los Álamos começam reações.Nem uma possível capitulação dos japoneses sensibiliza Groves. A ideia do gupo de Chicago de demonstrar o dispositivo em vez de utilizá-lo como arma de guerra é ferozmente combatido por ele. Os conflitos de idéias e de concepções entre um general e um cientista na liderança de um projeto de guerra eminentemente científico envolvem não apenas o que pensam e o que defendem os dois, mas também os pontos de vista de outros participantes do trabalho. Nominar um conjunto de recomendações como subversivas por um e éticas pelo outro dão uma dimensão clara de levar ao extremo o debate. Afirmar que o cientista não tem responsabilidade pelo uso, pela aplicação do seu trabalho, é uma insanidade quando se trata de construir um dispositivo de destruição em massa como uma bomba atômica. São apenas exemplos do que é apresentado por Joffé e Robinson em “O Início do Fim”, filme que, no entanto, dá a impressão de que o general e o cientista foram os grandes responsáveis, deixando intocado quem apertou o botão. O sucesso do teste e os subsequentes bombardeios no Japão marcam o General Leslie Richard Groves, Jr. e o Físico Dr. Julius Robert Oppenheimer como os dois homens que viabilizaram o terror atômico no planeta, mas eles não são os únicos.O filme se encerra com textos explicativos sintéticos sobre os bombardeios atômicos em Hiroshima, com a bomba chamada “Little Boy”, e em Nagasaki, com a bomba “Fat Man”; pelo menos 200.000 pessoas morreram como resultado das explosões. O texto finaliza registrando o que aconteceu com Groves e Oppenheimer, até morrerem. Roland Joffé e Bruce Robinson com “Fat Man and Little Boy” deram e continuam dando uma contribuição importante para o conhecimento de uma das maiores tragédias produzida pelos homens para a destruição de seres humanos, um marco tenebroso na história da ciência e da tecnologia a serviço da guerra.( Arnaldo Corrêa Prado Junior)
*O filme “O Início do Fim” foi exibido recentemente dentro da parceria da ACCPA com a APC (Academia Paraense de Ciências) e gerou um excelente debate no Cine Saraiva.
ESTRÉIA DA SEMANA
Festival Varilux de Cinema Francês 2013 (Moviecom Castanheira – de 10 à 16/05/13)
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira: Dia 20/05 em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Pai Patrão” dos irmãos Taviani que foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1975. O filme será exibido às 19 h, entrada franca e debate após a exibição com críticos da ACCPA.
*Cine Olympia: O filme “Nuvem 9” está em exibição até 16/05 às 18:30 h com entrada franca. Premiado em vários festivais, elogiado pela crítica internacional e exibido na mostra internacional de cinema de São Paulo, "Nuvem 9" pode ter uma relação direta e indireta com o polêmico "Amor" de Michael Haneke. O filme mostra a história de Inge que conhece Karl e se apaixona imediata e perdidamente por ele. Ela então decide abandonar o marido, Werner, com quem está casada há 30 anos, para viver com Karl. Essa poderia ser mais uma história de amor como outra qualquer. No entanto, os principais envolvidos têm muito mais de 60 e 70 anos. O filme será exibido na semana com exceção dos dias 13 e 14/05. Apoio : Instituto Goethe.
No projeto CINEMA E MÚSICA, terça-feira às 18:30 h será exibido o clássico “METRÓPOLIS” de Fritz Lang com acompanhamento musical ao vivo de Paulo José Campos de Melo, numa parceria da Fumbel com a Fundação Carlos Gomes. Apoio : ACCPA. Na sessão Cinemateca de domingo dia 12/05, será exibido o desenho animado “Peter Pan” comemorando os 60 anos de lançamento do filme. Sessão às 16h e entrada franca.
*Cine Líbero Luxardo: Dia 15 de maio, nas Sessões Regulares estreia ''Super Nada'', de Rubens Rewald. Na cidade de São Paulo vive Guto, um ator que sonha em ser grande. Ele se prepara, se exercita, vai a todos os testes e acredita que a sua grande chance pode vir a qualquer momento. Seu ídolo e exemplo é Zeca, velho comediante, um tanto decadente, mas que ainda mora no coração de uma geração. Seus caminhos se cruzam e a sorte de Guto parece mudar. Na sessão Cult, sábado dia 18/05 será exibido “A Escolha de Sofia” com atuação magistral de Meryll Streep às 16h com entrada franca.Apoio : ACCPA
*Cine Saraiva : Dia 30/05, na parceria da ACCPA e APC, exibição do filme “Gattaca” com Ethan Hawke às 18h com entrada franca e debate.
Marco Antonio Moreira
Crítica/“O Início do Fim”
O Início do Fim (Fat Man and Little Boy, EUA, 1989), dirigido por Roland Joffé, tem roteiro de Bruce Robinson e Roland Joffé de uma história de Bruce Robinson, apresenta o processo de pesquisa teórica e de engenharia que levaram ao projeto e construção das primeiras bombas atômicas da história.O coronel Leslie R. Groves (Paul Newman), engenheiro que trabalhou na construção do Pentágono, é designado para liderar um projeto secreto de guerra e ao aceitar a missão ganha a patente de general. O físico húngaro Leo Szilard (Gerald Hiken) dá a ele as primeiras informações sobre o projeto, em setembro de 1942: separar Urânio 235 em duas porções, reuni-las raqpidamente, de modo que a massa resultante desencadeie uma reação espontânea. O poder destrutivo seria imenso; a Alemanha poderia desenvolver algo semelhante.O primeiro cientista a ser requisitado por Groves é J. Robert Oppenheimer (Dwight Schultz), professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Em Los Álamos, Novo México, em abril de 1943, está em fase final a instalação de uma pequena cidade, secreta, um lugar que não existe para os moradores de Santa Fé. É o local onde se desenvolverá todo o trabalho, onde tudo é informação privilegiada, pertence ao Exército dos Estados Unidos. Na prática perseguem uma coisa: uma arma militar, uma nuclear, uma bomba atômica. A bomba será designada como “O Aparelho”, “O dispositivo”, The Device. Seria de Plutônio ou de Urânio 235?Os principais caracteres criados pelos atores e pelos autores do filme são baseados em pessoas reais. Entretanto, um jovem cientista, Michael Merriman (John Cusack), é um personagem inventado, de grande importância na construção do filme; ele sofre um acidente fatal quando trabalhava com outros colegas em uma experiência de laboratório. A enfermeira Kathleen Robinson (Laura Dern) apaixona-se por Merriman, os dois formando o casal romântico do filme. As questões científicas e técnicas são debatidas intensamente entre os cientistas, mas Groves é extremamente rígido nas questões de segurança; ele não quer discussão livre. Há outras restrições que causam uma revolta dos cientistas e que obriga Groves a recuar, em parte. Mas a censura e a fiscalização são permanentes em todo o processo.Groves recebe um comunicado secreto que indicava que os alemães não tinham a bomba e nem a teriam. Além de não ter a bomba, a Alemanha foi derrotada, mas o obsessivo Groves vai definir um novo motivo e alvo: o Japão. Oppenheimer também tem um motivo para continuar o trabalho. Em uma conversa com sua mulher Kitty (Bonnie Bedelia) ele argumenta: “- [...] se se pensa mais longe...é uma fonte ilimitada de energia. Pense sobre ela, Kitty. A força que dirige o universo, Está além da imaginação, realmente. E podíamos amansá-la. Um mundo novo.” Mas, um novo elemento perturbador vai surgir para o projeto: cientistas do grupo de Chicago manifestam-se contrários à utilização do dispositivo. À frente desse grupo está Leo Szilard, o mesmo que propôs a construção da bomba. Também em Los Álamos começam reações.Nem uma possível capitulação dos japoneses sensibiliza Groves. A ideia do gupo de Chicago de demonstrar o dispositivo em vez de utilizá-lo como arma de guerra é ferozmente combatido por ele. Os conflitos de idéias e de concepções entre um general e um cientista na liderança de um projeto de guerra eminentemente científico envolvem não apenas o que pensam e o que defendem os dois, mas também os pontos de vista de outros participantes do trabalho. Nominar um conjunto de recomendações como subversivas por um e éticas pelo outro dão uma dimensão clara de levar ao extremo o debate. Afirmar que o cientista não tem responsabilidade pelo uso, pela aplicação do seu trabalho, é uma insanidade quando se trata de construir um dispositivo de destruição em massa como uma bomba atômica. São apenas exemplos do que é apresentado por Joffé e Robinson em “O Início do Fim”, filme que, no entanto, dá a impressão de que o general e o cientista foram os grandes responsáveis, deixando intocado quem apertou o botão. O sucesso do teste e os subsequentes bombardeios no Japão marcam o General Leslie Richard Groves, Jr. e o Físico Dr. Julius Robert Oppenheimer como os dois homens que viabilizaram o terror atômico no planeta, mas eles não são os únicos.O filme se encerra com textos explicativos sintéticos sobre os bombardeios atômicos em Hiroshima, com a bomba chamada “Little Boy”, e em Nagasaki, com a bomba “Fat Man”; pelo menos 200.000 pessoas morreram como resultado das explosões. O texto finaliza registrando o que aconteceu com Groves e Oppenheimer, até morrerem. Roland Joffé e Bruce Robinson com “Fat Man and Little Boy” deram e continuam dando uma contribuição importante para o conhecimento de uma das maiores tragédias produzida pelos homens para a destruição de seres humanos, um marco tenebroso na história da ciência e da tecnologia a serviço da guerra.( Arnaldo Corrêa Prado Junior)
*O filme “O Início do Fim” foi exibido recentemente dentro da parceria da ACCPA com a APC (Academia Paraense de Ciências) e gerou um excelente debate no Cine Saraiva.
ESTRÉIA DA SEMANA
Festival Varilux de Cinema Francês 2013 (Moviecom Castanheira – de 10 à 16/05/13)
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira: Dia 20/05 em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Pai Patrão” dos irmãos Taviani que foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1975. O filme será exibido às 19 h, entrada franca e debate após a exibição com críticos da ACCPA.
*Cine Olympia: O filme “Nuvem 9” está em exibição até 16/05 às 18:30 h com entrada franca. Premiado em vários festivais, elogiado pela crítica internacional e exibido na mostra internacional de cinema de São Paulo, "Nuvem 9" pode ter uma relação direta e indireta com o polêmico "Amor" de Michael Haneke. O filme mostra a história de Inge que conhece Karl e se apaixona imediata e perdidamente por ele. Ela então decide abandonar o marido, Werner, com quem está casada há 30 anos, para viver com Karl. Essa poderia ser mais uma história de amor como outra qualquer. No entanto, os principais envolvidos têm muito mais de 60 e 70 anos. O filme será exibido na semana com exceção dos dias 13 e 14/05. Apoio : Instituto Goethe.
No projeto CINEMA E MÚSICA, terça-feira às 18:30 h será exibido o clássico “METRÓPOLIS” de Fritz Lang com acompanhamento musical ao vivo de Paulo José Campos de Melo, numa parceria da Fumbel com a Fundação Carlos Gomes. Apoio : ACCPA. Na sessão Cinemateca de domingo dia 12/05, será exibido o desenho animado “Peter Pan” comemorando os 60 anos de lançamento do filme. Sessão às 16h e entrada franca.
*Cine Líbero Luxardo: Dia 15 de maio, nas Sessões Regulares estreia ''Super Nada'', de Rubens Rewald. Na cidade de São Paulo vive Guto, um ator que sonha em ser grande. Ele se prepara, se exercita, vai a todos os testes e acredita que a sua grande chance pode vir a qualquer momento. Seu ídolo e exemplo é Zeca, velho comediante, um tanto decadente, mas que ainda mora no coração de uma geração. Seus caminhos se cruzam e a sorte de Guto parece mudar. Na sessão Cult, sábado dia 18/05 será exibido “A Escolha de Sofia” com atuação magistral de Meryll Streep às 16h com entrada franca.Apoio : ACCPA
*Cine Saraiva : Dia 30/05, na parceria da ACCPA e APC, exibição do filme “Gattaca” com Ethan Hawke às 18h com entrada franca e debate.
sábado, 4 de maio de 2013
CINE TROPPO - SEMANA DE 03 À 09/05/13
Cine Troppo
Marco Antonio Moreira
Memória/Antonio Silva
Poucos espectadores que frequentam os cinemas de nossa cidade sabem quem foi Antonio Silva mais todos os cinemaníacos paraenses devem saber que ele fez muito pelo circuito cinematográfico de Belém durante várias décadas. Sendo um dos principais apoiadores da fundação dos cinemas 1 e 2 em 1978, Silva sempre deu suporte ao Circuito Cinearte (Cinemas 1/2/3, Castanheira 1 e 2 e Doca 1 e 2) como responsável pela distribuição de filmes da Columbia Pictures no norte e nordeste, a partir de seu escritório em Recife (sendo criada posteriormente a empresa Sétima Arte Serviços). Dificilmente um grupo exibidor regional teria durado tanto tempo sem o apoio deste profissional que sempre honrou sua palavra e sempre foi um apaixonado pelo cinema. Esta semana, Silva faleceu aos 89 anos depois de complicações cardíacas deixando um exemplo de profissionalismo e amor pelo cinema que raramente se testemunha nos dias de hoje.
Antonio Silva era o mais antigo programador cinematográfico em atividade no país e começou a trabalhar em cinema logo depois de sua volta da segunda guerra mundial e inicialmente trabalhou com várias distribuidoras depois ficando responsável somente pelos filmes da Columbia Pictures. Na Columbia, cuidou do lançamento do clássico “Gilda” com Rita Hayworth, um de seus filmes preferidos. Segundo Silva, numa entrevista realizada em 2007 para o jornalista Luiz Joaquim, “o interessante é que em 1945, operavam no Recife as empresas chamadas 'sete irmãs': além da United Artists, tinha a Paramount, a Universal, a Metro-Goldwyn-Mayer, Columbia, Warner Bros e Fox. Havia também uma menor, a Allied Artist Pictures", recorda. Naquele período, só no Recife, existiam 35 salas e o lançamento dos filmes acontecia em dois dias: quarta-feira e domingo. Os filmes ficavam em cartaz por apenas quatro ou três dias. Esses oito distribuidores que operavam no Recife garantiam um número grande de títulos para alimentar essa alta rotatividade na programação. A salas naquele período eram enormes, com mil lugares em média. Um filme como "A Um Passo da Eternidade" (1953), lançado no Cine Art Palácio, fazia 20 mil espectadores em uma semana, suprindo a demanda da cidade", declarou Silva.
Trabalhando por quase seis décadas em cinema, Silva era conhecido como um homem tranquilo e educado além de competente. Na década de 1950, Silva relatou (ainda na entrevista feita em 2007) com a voz embargada e os olhos querendo marejar de saudade que percorreu todo a região entre Alagoas e Amazonas. "Nas viagens, levava comigo fotos, sinopses e um catálogo com mais de 50 títulos só da Columbia. Às vezes, programávamos logo seis meses de agenda numa uma sala", e continua: "Nesta viagens, voei pela extinta companhia Pan-Air e acompanhei toda a evolução das aeronaves no País. Cheguei a ir de catalina para o Amazonas".
De 1978 à 2006, Silva colaborou no lançamento de grandes lançamentos da Columbia Pictures no Circuito Cinearte como "Karatê Kid : A Hora da Verdade" e "Os Caça-fantasmas". Em 1989, na convenção nacional da Columbia Pictures no Rio de Janeiro, estive como representante do Circuito Cinearte com Silva na apresentação do filme “Gringo Velho” e juntos tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente a atriz Jane Fonda. Felizmente pude rever Silva em novembro do ano passado em sua casa em Recife para trocar emoções e memórias e lhe agradecer por tudo que fez por nosso circuito de cinemas aqui em Belém, em meu nome, de meu pai Alexandrino Moreira e de toda nossa família incluindo nossos amigos e parceiros como Pedro Veriano e Luzia Álvares.. Seu nome e colaboração nunca serão esquecidos, caro amigo.
ESTRÉIAS DA SEMANA
“Somos tão Jovens”
“Em Transe”
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira: Dia 20/05 em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Pai Patrão” dos irmãos Taviani que foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1975. O filme será exibido às 19 h, entrada franca e debate após a exibição com críticos da ACCPA.
*Cine Olympia: O filme “A Cor do Oceano” está em exibição até 09/05 (com exceção do dia 29) às 18:30 h com entrada franca. José trabalha na polícia de imigração das Ilhas Canárias, arquipélogo espanhol para onde fogem muitos refugiados africanos. Depois de anos nessa função, o policial acredita que pode determinar o destino de quem cruza seu caminho. Ele será desafiado quando a turista alemã Nathalie resolve ajudar africanos naufragados que chegam na costa. Apesar dos pedidos do marido, ela vai auxiliar Zola, um congolês, a fugir das autoridades. Mas o refugiado e seu filho Mamadou ainda vão enfrentar muitas dificuldades nas mãos de traficantes. Apoio: Instituto Goethe. Na sessão Cinemateca, domingo dia 05, será exibido “La Violetara”, clássico com Sarita Montiel que falceu recentemente. Sessão às 16:h.Entrada franca.Apoio : ACCPA
*Cine Líbero Luxardo: Programação dupla de alta qualidade em exibição desde quarta-feira (dia 24). “No” de Pablo Larrain mostra a história do plesbicito que em 1988 pôs fim a ditadura de 15 anos de Augusto Pinochet no governo do Chile e foi indicado ao “Oscar” de melhor filme estrangeiro. No elenco, Gael Garcia Bernal. Exibição : Dia 05/05 às 16h30 . “E Se Vivéssemos todos Juntos?” tem Jane Fonda e Geraldine Chaplin no elenco. Exibição : 05/05 às: 19h.
*Cine Sesc Boulevard : Dia 08/05 será exibido o filme argentino “Dois Irmãos” às 18:30 h com entrada franca e apoio da ACCPA. No filme, dois irmãos precisam um do outro mas não conseguem ficar juntos por muito tempo. Susana (Graciela Borges), uma agente imobiliária egoísta, possessiva e dominante, que parece ser incapaz de entender o irmão, Marcos (Antonio Gasalla), que protege a mãe, é bondoso, sensível e amigo de seus amigos.
Marco Antonio Moreira
Memória/Antonio Silva
Poucos espectadores que frequentam os cinemas de nossa cidade sabem quem foi Antonio Silva mais todos os cinemaníacos paraenses devem saber que ele fez muito pelo circuito cinematográfico de Belém durante várias décadas. Sendo um dos principais apoiadores da fundação dos cinemas 1 e 2 em 1978, Silva sempre deu suporte ao Circuito Cinearte (Cinemas 1/2/3, Castanheira 1 e 2 e Doca 1 e 2) como responsável pela distribuição de filmes da Columbia Pictures no norte e nordeste, a partir de seu escritório em Recife (sendo criada posteriormente a empresa Sétima Arte Serviços). Dificilmente um grupo exibidor regional teria durado tanto tempo sem o apoio deste profissional que sempre honrou sua palavra e sempre foi um apaixonado pelo cinema. Esta semana, Silva faleceu aos 89 anos depois de complicações cardíacas deixando um exemplo de profissionalismo e amor pelo cinema que raramente se testemunha nos dias de hoje.
Antonio Silva era o mais antigo programador cinematográfico em atividade no país e começou a trabalhar em cinema logo depois de sua volta da segunda guerra mundial e inicialmente trabalhou com várias distribuidoras depois ficando responsável somente pelos filmes da Columbia Pictures. Na Columbia, cuidou do lançamento do clássico “Gilda” com Rita Hayworth, um de seus filmes preferidos. Segundo Silva, numa entrevista realizada em 2007 para o jornalista Luiz Joaquim, “o interessante é que em 1945, operavam no Recife as empresas chamadas 'sete irmãs': além da United Artists, tinha a Paramount, a Universal, a Metro-Goldwyn-Mayer, Columbia, Warner Bros e Fox. Havia também uma menor, a Allied Artist Pictures", recorda. Naquele período, só no Recife, existiam 35 salas e o lançamento dos filmes acontecia em dois dias: quarta-feira e domingo. Os filmes ficavam em cartaz por apenas quatro ou três dias. Esses oito distribuidores que operavam no Recife garantiam um número grande de títulos para alimentar essa alta rotatividade na programação. A salas naquele período eram enormes, com mil lugares em média. Um filme como "A Um Passo da Eternidade" (1953), lançado no Cine Art Palácio, fazia 20 mil espectadores em uma semana, suprindo a demanda da cidade", declarou Silva.
Trabalhando por quase seis décadas em cinema, Silva era conhecido como um homem tranquilo e educado além de competente. Na década de 1950, Silva relatou (ainda na entrevista feita em 2007) com a voz embargada e os olhos querendo marejar de saudade que percorreu todo a região entre Alagoas e Amazonas. "Nas viagens, levava comigo fotos, sinopses e um catálogo com mais de 50 títulos só da Columbia. Às vezes, programávamos logo seis meses de agenda numa uma sala", e continua: "Nesta viagens, voei pela extinta companhia Pan-Air e acompanhei toda a evolução das aeronaves no País. Cheguei a ir de catalina para o Amazonas".
De 1978 à 2006, Silva colaborou no lançamento de grandes lançamentos da Columbia Pictures no Circuito Cinearte como "Karatê Kid : A Hora da Verdade" e "Os Caça-fantasmas". Em 1989, na convenção nacional da Columbia Pictures no Rio de Janeiro, estive como representante do Circuito Cinearte com Silva na apresentação do filme “Gringo Velho” e juntos tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente a atriz Jane Fonda. Felizmente pude rever Silva em novembro do ano passado em sua casa em Recife para trocar emoções e memórias e lhe agradecer por tudo que fez por nosso circuito de cinemas aqui em Belém, em meu nome, de meu pai Alexandrino Moreira e de toda nossa família incluindo nossos amigos e parceiros como Pedro Veriano e Luzia Álvares.. Seu nome e colaboração nunca serão esquecidos, caro amigo.
ESTRÉIAS DA SEMANA
“Somos tão Jovens”
“Em Transe”
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira: Dia 20/05 em parceria com a ACCPA, será exibido o filme “Pai Patrão” dos irmãos Taviani que foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1975. O filme será exibido às 19 h, entrada franca e debate após a exibição com críticos da ACCPA.
*Cine Olympia: O filme “A Cor do Oceano” está em exibição até 09/05 (com exceção do dia 29) às 18:30 h com entrada franca. José trabalha na polícia de imigração das Ilhas Canárias, arquipélogo espanhol para onde fogem muitos refugiados africanos. Depois de anos nessa função, o policial acredita que pode determinar o destino de quem cruza seu caminho. Ele será desafiado quando a turista alemã Nathalie resolve ajudar africanos naufragados que chegam na costa. Apesar dos pedidos do marido, ela vai auxiliar Zola, um congolês, a fugir das autoridades. Mas o refugiado e seu filho Mamadou ainda vão enfrentar muitas dificuldades nas mãos de traficantes. Apoio: Instituto Goethe. Na sessão Cinemateca, domingo dia 05, será exibido “La Violetara”, clássico com Sarita Montiel que falceu recentemente. Sessão às 16:h.Entrada franca.Apoio : ACCPA
*Cine Líbero Luxardo: Programação dupla de alta qualidade em exibição desde quarta-feira (dia 24). “No” de Pablo Larrain mostra a história do plesbicito que em 1988 pôs fim a ditadura de 15 anos de Augusto Pinochet no governo do Chile e foi indicado ao “Oscar” de melhor filme estrangeiro. No elenco, Gael Garcia Bernal. Exibição : Dia 05/05 às 16h30 . “E Se Vivéssemos todos Juntos?” tem Jane Fonda e Geraldine Chaplin no elenco. Exibição : 05/05 às: 19h.
*Cine Sesc Boulevard : Dia 08/05 será exibido o filme argentino “Dois Irmãos” às 18:30 h com entrada franca e apoio da ACCPA. No filme, dois irmãos precisam um do outro mas não conseguem ficar juntos por muito tempo. Susana (Graciela Borges), uma agente imobiliária egoísta, possessiva e dominante, que parece ser incapaz de entender o irmão, Marcos (Antonio Gasalla), que protege a mãe, é bondoso, sensível e amigo de seus amigos.
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