sábado, 10 de novembro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 09 À 15/11/12

CINE TROPPO 
Marco Antonio Moreira Carvalho 

Críticas
“Gonzaga: De Pai para Filho” de Breno Silveira. Normalmente as biografias adaptadas para o cinema sempre distorcem os fatos e os personagens com o objetivo de conquistar a platéia e/ou agradar um novo público que não conhece nada do biografado ou conhece muito pouco. No caso da vida do grande mestre Luiz Gonzaga, o diretor Breno Silveira não precisou interferir muito na história para fazer um bom filme porque a vida de Gonzaga já foi um extremo de dificuldades, amor, decepções, inexperiência, pesadelos e sonhos. Vejo que caberia aqui ao diretor apenas saber aproximar todo este carrossel de emoções de forma equilibrada, numa narrativa simples e sem exageros. E felizmente foi isto que aconteceu. Centrado na vida do homem Luiz Gonzaga, o filme é construído especialmente pelos conflitos de Gonzaga com seu filho, Gonzaguinha, mostrando o lado humano destes personagens reais que tem muito que haver com todos nós. Em cima desta simplicidade, Breno Silveira quase exagera em algumas cenas que poderiam transformar o filme num melodrama barato e apelativo mais no geral, seu filme é um belo registro da vida de dois brasileiros que marcaram a história da música e da cultura brasileira. “Gonzaga : De Pai para Filho” muitas vezes mostra enfim, um Brasil que parece perdido e desaparecido. Um Brasil de brasileiros que teimam em buscar seus sonhos. Um Brasil real, que nem sempre está na televisão e que por isso, nem sempre chama tanta atenção do grande público (em parte por isso é que o filme não vem tendo o sucesso de bilheteria que se esperava). Com uma produção de alto nível, bons atores, um trabalho de cenografia perfeito e um olhar de carinho e respeito com a história de Gonzaga e Gonzaguinha, o filme mantém o interesse até o fim, quando emociona e nos deixa absolutamente conquistados pelos exemplos de vida, acertos e erros destes dois personagens reais da vida brasileira que realmente merecem ser conhecidos pelo público, especialmente o público brasileiro que teima em dizer que o cinema nacional só pode existir com comédias de baixo nível que conseguem vender milhões de ingressos mais que são esquecidas já na saída do cinema.
“007 : Skyfall” de Sam Mendes. O personagem 007 já influenciou várias produções do gênero aventura, desde seu primeiro filme realizado nos anos 60 mais o desafio dos últimos anos é atualizar o personagem e conectá-lo com o novo público, que hoje é quase que totalmente plugado na vida virtual da internet. Os produtores demonstraram falta de criatividade nos últimos filmes protagonizados pelo ator Daniel Craig, mas desta vez sob a direção de Sam Mendes (diretor de “Beleza Americana” e “Estrada para Perdição) temos uma aproximação com sua história pessoal que vai revelar suas origens e as razões de sua dedicação ao serviço secreto britânico. Além disso, outros personagens surgem humanizados e vulneráveis ao poder e ao tempo. Num roteiro que procura equilibrar estse fatos com as tradicionais cenas de ação do personagem, “Skyfall” acaba sendo mais interessante que os últimos filmes da série. É claro que todos os absurdos de sempre surgem a cada cena de ação exagerada mas pelo menos, breves momentos de criatividade e bons diálogos surgem entre um tiro e outro. Javier Bardem como vilão convence mas é Judi Dench que se destaca em todas as cenas do filme. Afinal, uma grande atriz como ela raramente deixa de fazer o melhor independente do roteiro que recebe. Para alguns, “Skyfall” pode não ser o filme ideal para comemorar os 50 anos de James Bond mas pela direção de Mendes, podemos observar que o agente secreto mais famoso do cinema ainda pode ser interessante.
“A Fraternidade é Vermelha” de K. Kieslowski. Como fã de Kieslowski, costumo dizer que a Trilogia das Cores é um dos grandes momentos da história do cinema. Raras vezes vi no cinema um diretor ser tão objetivo e claro nas suas convicções sobre o cinema e sobre a vida. Nos filmes da trilogia (A Liberdade é Azul/A Igualdade é Branca/A Fraternidade é Vermelha) vemos o diretor nos envolver com temas como amor, morte, perdão, compaixão, justiça, igualdade, liberdade e fraternidade, ao mesmo tempo em que nos questiona sobre os nossos conceitos sobre cada um destes temas. Todos os filmes da trilogia são excelentes e com “A Fraternidade é Vermelha”, ele atingiu seu ápice, realizando um filme totalmente emocionante, especial, humano e que nos acompanha para sempre, especialmente àqueles que enxergam o potencial do cinema como uma arte em busca de respostas. Depois de ser exibido em Belém nos anos 90, o filme volta ao Cineclube Alexandrino Moreira, na segunda (dia 12/11) às 19 h e certamente vai gerar um grande debate com o público presente e críticos da ACCPA. Não perca !

ESTREIAS DA SEMANA
“Argo” de Ben Afleck., “Marcados para Morrer” com Jake Gyllenhaal e “Peixenauta – Agente Secreto da O.S.T.R.A”(animação)

EXIBIÇÃO ESPECIAL 
No dia 13/11, a Cinépolis exibirá a apresentação única da banda “Coldplay – Live 2012”. A produção documenta a turnê “Mylo Xyloto” ao redor do mundo que inclui imagens ao vivo de shows da banda em Paris, Canadá e no festival de Glastonbury.,

PRÉ-ESTREIA 
“A Saga Crepúsculo – AMANHECER (parte 2) (dia 15/11 às 00:01h)

AGENDA 
 *Cineclube Alexandrino Moreira: “A Trilogia das Cores” do diretor K. Kielowski continua em destaque depois da exibição de “A Liberdade é Azul” e “A Igualdade é Branca”. Segunda, dia 12/11 será exibido “A Fraternidade é Vermelha” com sessão às 19 h, entrada franca e debate com críticos da ACCPA .
*Cine Olympia: Domingo (dia 11) encerra a mostra do diretor Alfred Hitchcock com “Trama Macabra”. Realizado em 1976, foi o último trabalho deste genial diretor de cinema. O filme será exibido às 18:30 h com entrada franca. A partir do dia 13/11, inicia a segunda parte do festival de filmes mudos com a exibição de clássicos como A PAIXÃO DE JOANA D´ARC (Carl Dreyer), A GREVE (Eisenstein) (1924), DIÁRIO DE UMA GAROTA PERDIDA de G.W.Pabst (1929) com Louise Brooks e O HOMEM QUE RI de Paul Leni (1929). Todos os filmes serão exibidos às 18:30 h com entrada franca.
*Cine Estação: “Deus da Carnificina” de Roman Polansky está em exibição No elenco, Jodie Foster. O filme ainda será exibido nas seguintes datas e horários: Dia 16 às 18h e 20h30 e dia 17 às 18h e 20h30.
*Cineclube da Casa da Linguagem: Em parceria com a ACCPA, dia 12/11 acontecerá a exibição da segunda parte do filme “O Boulevard do Crime” de Marcel Carné às 18h com entrada franca.
*Cine Sesc Boulevard : Dia 14/11, acontecerá a exibição de “Vincere” de Marco Bellochio, sobre a juventude do ditador Benedito Mussolini. Exibição com entrada franca a partir das 19 h . Apoio : ACCPA

Um comentário:

Leonardo Polaro disse...

Concordo com seu comentário sobre o excelente ´´Gonzaga-de pai para filho´´. Apenas acho que poderia se ter dado um pouco mais de enfase ao músico Luiz Gonzaga, e também ao genial Gonzaguinha. Mas isso é apenas uma questão de foco do diretor...

Coluna Cineclube - Dia 29/01/23