domingo, 28 de outubro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 26/10 À 01/11/12

CINE TROPPO 
Marco Antonio Moreira Carvalho

SUPERNOVAS 

*A Paramount Pictures fechou um acordo de distribuição para lançar no mercado americano “The Wolf of Wall Street” que Martin Scorsese (foto) está rodando em Nova York. Inspirado nas memórias de Jordan Belfort, ex-corretor da bolsa de valores, o longa deverá ser lançado no terceiro trimestre de 2013. No elenco estão Leonardo DiCaprio, Matthew McConaughey, Jonah Hill, Jean Dujardin e Rob Reiner. O roteiro foi escrito por Terry Winter, da série Boardwalk Empire. Os direitos de distribuição internacional do filme serão negociados durante o American Film Market, que começa no dia 31 de outubro.
*O bem sucedido videogame “Assassin’s Creed” da produtora francesa Ubisoft, vai chegar aos cinemas com produção da New Regency e distribuição da Fox. O ator Michael Fassbender (X-Men – Origens e Shame) será coprodutor e protagonista do filme, que ainda não tem diretor. O jogo “Assassin’s Creed” chegou ao mercado em 2007 e, até hoje, vendeu cerca de 38 milhões de unidades em todo o mundo, além de ter gerado histórias em quadrinhos, brinquedos e um jogo no Facebook.

*A 3ª edição do Festival de Cinema 4+1 receberá como convidado de honra Werner Herzog(foto). O diretor alemão dará uma aula magna para o público, no CCBB do Rio de Janeiro, além de ser foco de uma retrospectiva de sua obra que reúne filmes como o curta “Hércules” (1962), “Nosferatu, o vampiro da noite” (1978) e seu trabalho mais recente, “Ao abismo – Um conto de morte, um conto de vida” (2011). O Festival 4+1 acontecerá, simultaneamente, na Cidade do México, Rio de Janeiro, Bogotá, Buenos Aires e Madrid entre 21 e 25/11.
*A Paris Filmes acaba de confirmar o lançamento de “A saga Crepúsculo: Amanhecer – O final” também no formato IMAX. O filme, que encerra a franquia milionária da Summit Entertainment, tem estreia mundial prevista para 15 de novembro.
*A RioFilme e o Senai vão realizar, a partir de novembro, no Rio de Janeiro, um programa de capacitação para atender ao crescimento da demanda nos mercados de cinema e televisão do país. Serão 15 cursos que vão desde animador 2D a operador de edição de áudio, com 335 vagas e cerca de três mil horas de duração total. As inscrições serão realizadas apenas na unidade do Senai em Laranjeiras (Rua Esteves Júnior, 47). A taxa de inscrição custa R$ 50 e devem ser apresentados cópias do RG, do CPF, comprovante de residência e uma foto 3x4. Para mais informações, os interessados devem ligar para 0800 0231 231.
*As atrizes e roteiristas Tina Fey e Amy Poehler foram anunciadas como as próximas apresentadoras da cerimônia de entrega do Globo de Ouro, no próximo ano. As duas comediantes são destaques na televisão norte-americana, Fey por seu trabalho como criadora e estrela do premiado seriado “30 Rock” (vencedor de seis Globos) e Poehler como protagonista do seriado “Parks and Recreation”. No cinema, a dupla estrelou a comédia “Uma mãe para meu bebê” (Baby Mama), lançada nos EUA em 2008.
*Em um fim de semana de quedas acentuadas, “Atividade paranormal 4” (Paris) estreou em primeiro no Brasil, com R$ 3,6 milhões de renda e 310 mil ingressos vendidos. Distribuído em 268 salas, o longa alcançou forte média de 1,1 mil espectadores por sala – confirmando a força do gênero sobrenatural no Brasil.A animação “Hotel Transilvânia” (Sony), mesmo com queda de 62%, manteve-se na segunda posição,com um total que já se aproxima da casa de dois milhões de espectadores. A comédia nacional “Até que a sorte nos separe”, entrando em sua terceira semana, apresentou uma das menores quedas do top 20 (-41%), com público acumulado de 1,6 milhão.
* A sessão Cult do Cine Líbero Luxardo deverá retornar na sala da Fonoteca do Centur a partir de novembro.O cine Líbero Luxardo está em reformas e ainda não há previsão de retorno das suas atividades ainda este ano.
* Outubro terminando, fica a pergunta: quais os melhores filmes exibidos este ano até agora, em Belém? Será que ainda teremos mais bons filmes no nosso circuito de cinemas até o final de 2012?Espero que sim. 

ESTREIAS DA SEMANA 

“007 – Skyfall” e “Gonzaga: De Pai para Filho”

AGENDA 
*Cineclube Alexandrino Moreira: “A Trilogia das Cores” do diretor K. Kielowsky continua em destaque depois da exibição de “A Liberdade é Azul”. Dias 05 e 12/11 serão exibidos “A Igualdade é Branca” e “A Fraternidade é Vermelha” com sessão às 19 h, entrada franca e debate com críticos da ACCPA .
*Cine Olympia: Hoje, comemorando o dia internacional da animação, será exibida uma mostra de filmes nacionais e internacionais às 19:30 h com entrada franca. De 30/10 à 05/11 (exceto dia 02/11), será exibida a mostra ALFRED HITCHCOCK com vários clássicos deste grande diretor do cinema como “Os Pássaros”, “Janela Indiscreta”, “O Homem que Sabia Demais”, “Psicose” e “Um Corpo que Cai”. Todos os filmes serão exibidos às 18:30 h com entrada franca.

*Cine Estação: Hoje é o último dia de exibição “Fausto” de A. Sokurov, considerado um dos melhores filmes do ano pela crítica especializada. Sessões às 10h, 18h e 20h30 h.

*Cineclube da Casa da Linguagem: Em parceria com a ACCPA, em Novembro acontecerá a exibição em duas sessões do clássico “O Boulevard do Crime” de Marcel Carné às 18h com entrada franca.
*Cine Sesc Boulevard : Dia 14/11, em parceria com a ACCPA , será exibido o filme “Vincere” de Marco Bellocchio às 19h com entrada franca e debate com críticos.

* Cine Saraiva : Dia 01/11, será exibido o filme “O Livro de Cabeceira” de Peter Greenway às 19 h com entrada franca e debate com críticos da ACCPA.

domingo, 21 de outubro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 19 À 25/10/12

Cine Troppo
Marco Antonio Moreira Carvalho

Crítica/DVD 
 “PI” Pi (EUA, 1998), escrito e dirigido por Darren Aronofsky, é um filme instigante, intrigante e perturbador. Pode ser, em princípio, estimulante para matemáticos, físicos e cientistas da computação, depois para psicólogos e psiquiatras e, mais, para admiradores de uma complexa trama cujo centro é um cientista obcecado que pesquisa a Matemática na busca de padrões em tudo na natureza; ele acredita na proposição: A Matemática é a linguagem da natureza. Maximillian Cohen (Sean Gullette), quando criança, recebera da mãe uma advertência: não olhar para o Sol. Aos seis anos ele olhou, ficou sem enxergar e os médicos não sabiam se ele recuperaria a visão. “– Fiquei apavorado naquela escuridão. Devagar a luz do dia penetrou através das ataduras e consegui ver. Mas algo mudara dentro de mim. Naquele dia, tive minha primeira dor de cabeça.” Com o relato desse fato feito por Max, começa o filme, que tem história de Darren Aronofsky, Sean Gullette e Eric Matson, Matthew Libatique como diretor de fotografia, montagem de Oren Sarch e música original de Clint Mansell.Max tem excepcional capacidade para efetuar contas com grandes números, de memória. Logo no início, de posse de uma pequena calculadora de mão que já tem a conta efetuada com o resultado no visor, a garotinha Jenna pergunta-lhe: “- Quanto é 322 x 491?” E ele em instantes: “- 158.102. Certo?” É o que registra a máquina de calcular. Para exemplificar a existência de padrões na natureza Max cita: o ciclo das epidemias, o aumento e a diminuição da população de caribus, os ciclos das manchas solares, a cheia e a baixa do Nilo. Ele vai além ao afirmar que na bolsa de valores há também um padrão. Max faz seus estudos com o apoio de um computador mainframe, o Euclid, que ele utiliza na construção de inúmeras séries de números e algarismos na busca de padrões, imprimindo-os em seguida para analisá-las. Inesperadamente Max recebe uma ligação telefônica, é de Marcy Dawson (Pamela Hart), sócia da Lancet-Percy, firma de estratégias de previsão e que tenta marcar um encontro com ele. Também inesperadamente, enquanto bebe chá em uma lanchonete e analisa listagens produzidas no computador de seus estudos sobre a bolsa de valores, surge Lenny Meyer (Ben Shenkman), como Max um judeu. Lenny é praticante, Max não liga para religião. Lenny também trabalha com números, nada tradicional, trabalho com o Torá. 
O personagem que mantém com Max a sustentação teórico/científico/filosófica do argumento é Sol Robeson (Mark Margolis), ex-professor de Max, aposentado e que já sofreu um derrame cerebral, mas mantém ativa a capacidade cerebral de raciocínio. A inserção do ambiente externo é utilizada por Darren Aronofsky; feita de um modo criativo, é um elemento importante em uma narrativa na qual as palavras são utilizadas intensivamente em reflexões, análises, ponderações e explicitação de conceitos matemáticos, científicos e religiosos. Ao mesmo tempo em que alivia a carga verbal, é importante ao mostrar o mundo exterior que cerca Max. A utilização de ilustrações desenhadas, algumas feitas durante o filme pelos personagens, reforçam a compreensão de explicações matemáticas minimizando a aridez de alguns conceitos. O uso do jogo Go, um jogo estratégico que utiliza um tabuleiro e pedras brancas e pretas, nas discussões entre Max e Sol, permite visualização e melhor compreensão de alguns aspectos de parte das teorias em discussão. O filme é em preto e branco, com fortes contrastes entre o claro, muito iluminado artificialmente, e o escuro, dando à fotografia um papel importante no conjunto. A imagem é granulada e reforça o clima de irrealidade em muitos momentos. A música tem papel funcional sobretudo no reforço às cenas mais dramáticas.Computadores entram nas reflexões de Max e Sol e de um modo extremamente inusitado. Mestre e discípulo examinam situações de erro da máquina, de bug. O que Sol explica, ou tenta explicar, é um novo encaminhamento para as especulações e ações no filme: “- [...] minha suposição é que certos problemas prendem os computadores em determinado loop [laço]. O loop faz queimar. Mas antes eles se tornam conscientes da própria estrutura. O computador, ciente da sua natureza de silício imprime seu conteúdo.” 
Na verdade, Max não é apenas um pesquisador preso a uma busca obsessiva. Ele apresenta sério problema de saúde. Tem fortes ataques que se iniciam com tremores na mão direita e vão á exaustão, à perda de consciência. Para controlá-los, ele toma remédio via oral e aplica injeções em si mesmo. Os encontros finais de Max com Marcy Dawson e Lenny Meyer e o destino do computador mainframe Euclid complementam de modo exemplar as extensas reflexões abertas em várias direções e níveis durante os momentos anteriores.O final do filme, para mim, na verdade, é ao mesmo tempo relaxante e intrigante. Max perdeu a capacidade de acertar, de memória e rápido, o resultado de contas com números grandes. Novamente testado pela garotinha Jenna para responder sobre o resultado de contas, Max diz que não sabe o resultado, e não sabe mesmo. Ele olha para o céu, com ar de satisfação, o foco da câmera, que é o que ele vê, é nas folhas de uma árvore, os galhos balançando com o passar do vento. Lentamente a câmera vai se afastando, a música é dolente. A tela escurece. (Arnaldo Prado Junior) 

*”Pi” é o primeiro filme dirigido pelo cineasta Darren Aronofsky (Cines Negro/Réquiem de um Sonho) será exibido quinta, dia 25/10, no Cine Saraiva (Livraria Saraiva) às 17 h na parceria da ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará) e APC (Academia Paraense de Ciências) com debate após a exibição.

ESTREIA DA SEMANA
 “Fausto” de Aleksandr Sokurov. Anunciado como o quarto segmento de uma tetralogia formada por “Moloch” (sobre Adolf Hitler), “Taurus” (sobre Lênin) e “O Sol” (sobre o imperador japonês Hiroito), “Fausto” é o novo filme de um dos maiores diretores da atualidade e é livremente inspirado na obra de Goethe. “Fausto” foi o vencedor do Leão de Ouro no último festival de Veneza. O filme entrou em cartaz no Cine Estação no dia 18/10 e será exibido nas seguintes datas : 21 (domingo), às 10h, 18h e 20h30,25 (quinta), às 18h e 20h30, 26 (sexta) às 18h e 20h30 e 28 (domingo) às 10h, 18h e 20h30. 

AGENDA
 *Cineclube Alexandrino Moreira : Dia 22/10, será exibido o primeiro filme da Trilogia das Corês de autoria do cineasta polonês K. Kieslowski com “A Liberdade é Azul” às 19 h com entrada franca e debate. Os outros filmes da trilogia serão exibidos em novembro e dezembro, respectivamente.(O filme estava programado para o dia 15/10 mas teve sua data de exibição alterada para dia 22/10).
 *Cine Olympia: Domingo, dia 21, encerra a mostra TARZAN O FILHO DAS SELVAS, com a exibição de “TARZAN CONTRA O MUNDO” (1942) com Johnny Wessmuller no elenco. Sessão às 18:30 H com entrada franca. De 23 à 27/10 (de terça à sábado), será exibida uma mostra de melodramas com títulos que marcaram várias gerações como STELLA DALLAS (King Vidor), SUBLIME OBSESSÃO (Douglas Sirk), IMITAÇÃO DA VIDA (Douglas Sirk), MADAME X (David Lowell Roch) e AMAR FOI MINHA RUINA (John Stahl). Sessões às 18:30 h com entrada franca. Domingo, dia 28/10 às 18:30, acontecerá uma mostra de animação em comemoração ao dia internacional de Animação. Entrada franca. 
*Cine Estação: Está em exibição desde quinta-feira, dia 18/10, “Fausto” de A. Sokurov, considerado um dos melhores filmes do ano pela crítica especializada. 
*Cineclube da Casa da Linguagem: Em parceria com a ACCPA, em Outubro acontecerá um ciclo em homenagem ao diretor Howard Hawks. Dia 23/10, será exibido “Scarface : Vergonha de uma Nação” (dia 23) às 18h com entrada franca.. 
*Cine Sesc Boulevard : Dia 24/10, em parceria com a ACCPA , será exibido o filme “Garapa” de Jose Padilha às 19h com entrada franca e debate com críticos. 
* Cine Saraiva : “Pi” de Darren Aronofsky será exibido na quinta dia 25/10 às 17 h na parceria da ACCPA com ACP (Academia Paraense de Ciências) com debate após a exibição.

sábado, 13 de outubro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 12 À 18/10/12

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho

CICLO HOWARD HAWKS
 Howard Hawks (1896-1977) foi um cineasta versátil por excelência. Abordou quase todos os gêneros com uma linguagem rica e ao mesmo tempo popular. Amigo de atores como John Wayne,e o casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall,( de quem se colocava como Cupido pois apresentou ela a ele durante as filmagens de “Aventura na Martinica”), gostava particularmente da comédia e do western. Na comédia foi considerado um dos “pais” do chamado “screwball” ou “comédia sofisticada”, irritando os censores em títulos como “A Noiva Era Ele”(I Was a Male War Bride/1949). E no western rivalizou com Ford em clássicos como “Rio Vermelho”(Red River/1948), “Onde Começa o Inferno”(Rio Bravo/1959) ou “El Dorado”(1962).
Os filmes assinados por Hawks eram geralmente sucesso de bilheteria e também de critica (fato raro desde muitos anos). A sua capacidade de alcançar temas diversos levou-o também a se inscrever entre os que melhor focalizaram épocas criticas da história americana como a depressão do final dos anos 20 com os gangsteres surgidos à margem. É dele o antológico “Scarface”(1932) feito numa época em que o “biografado” Al Capone ainda era vivo e ativo.Dois filmes ilustrarão a obra de Hawks no Cine Clube Casa da Linguagem: os citados “Onde Começa o Inferno” e “Scarface, a Vergonha de uma Nação”.
“Onde Começa o Inferno” (exibido dia 09/10 no cineclube da Casa da Linguagem e disponível em DVD) focaliza a coragem de um xerife, um bêbado e uma corista em prender o irmão de um notório pistoleiro. John Wayne,como de habito, é a força a serviço da lei, mas o que impressionou foi o papel de Dean Martin, ator que iniciou carreira como parceiro de Jerry Lewis em comédias especificas, ele fazendo o “Folgado” da dupla “O Biruta e o Folgado”, mais tarde uma revelação como cantor, não à toa da “troupe” de Frank Sinatra. Martin é o alcoólatra que é obrigado a impor a ordem, mas não consegue, muitas vezes, nem se equilibrar de pé. No papel da mocinha valente está Angie Dickinson. Western maior de qualquer época. “Scarface” (que será exibido dia 23/10 na Casa da Linguagem) trata dos que se aproveitaram da “lei seca” nos idos de 1929/30 para ganhar dinheiro e intimidar concorrentes. Nessa época cresceu o prestigio de Alfonso Capone, marcado por um cicatriz no rosto que lhe dava a alcunha de “Cara Cortada”(Scarface). Como o personagem real ainda estava nas ruas, o roteiro de Ben Hetch baseado no livro de Armitage Trail deu-lhe o nome de Tony. Foi uma brilhante criação do ator Paul Muni (que fez mais tarde o professor de Chopin em “À Noite Sonhamos”). O filme acabou inscrito entre os primeiros grandes da série que deu margem a um “subgênero”(filme de gangster) ao lado do que se conhece como “filme noir”. Os dois filmes servem de iniciação à obra de um cineasta que marcou a indústria cinematográfica na fase sonora. Indispensáveis a cultura cinematográfica. (Pedro Veriano)

CICLO HOWARD HAWKS
"ONDE COMEÇA O INFERNO"
"SCARFACE : VERGONHA DE UMA NAÇÃO" (dia 23/10)
 Cine Clube da Casa da Linguagem (Assis de Vasconcelos com Nazaré)
Horário : 18h
Entrada Franca
Apoio : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

ESTREÍAS DA SEMANA
 “Os Infratores” de John Hillcoat. Com Tom Hardy, Guy Pearce, Gary Oldman, Shia LaBeouf, Jessica Chastain, Mia Wasikowska, Três jovens irmãos escrevem as primeiras páginas da máfia com sua rebeldia e força. Baseado no livro “Wettest County” de Matt Bondurant
"A Entidade" com Etha Hawke
"Procurando Nemo"(3D)
"Poder Paranormal" com Robert de Niro

Próximos Lançamentos (Destaques)
“Fausto” de A. Sokurov (Dia 18/10 - Cine Estação)
“Mostra de Filmes – TARZAN” (A partir do dia 16/10 - Cine Olympia)
AGENDA
*Cineclube Alexandrino Moreira : Dia 22/10, será exibido o primeiro filme da Trilogia das Corês de autoria do cineasta polonês K. Kieslowski com “A Liberade é Azul” às 19 h com entrada franca e debate. Os outros filmes da trilogia serão exibidos em novembro e dezembro, respectivamente.
*Cine Olympia: Devida procissão do Círio de Nazaré, não haverá sessão no domingo, dia 14/10. Na terça-feira começa a mostra de filmes de TARZAN, todos protagonizados pelo ator Johnny Weissmuller. Confira a programação: Dia 16 - TARZAN O FILHO DAS SELVAS (1932), Dia 17 - A COMPANHEIRA DE TARZAN (1934), Dia 18 - A FUGA DE TARZAN (1936), Dia 19 - O FILHO DE TARZAN (1939), Dia 20 - O TESOURO DE TARZAN (1941) e Dia 21 - TARZAN CONTRA O MUNDO (1942). Sessão às 18:30 H com entrada franca.
*Cine Líbero Luxardo: O projeto Plano Sequência com sessões de quinta-feira a sábado na Fonoteca Satyro de Mello (4º andar do Centur) exibirá de 18 a 20 de outubro, às 19h, a mostra Glauber Rocha. Entrada Franca.
*Cine Estação: A partir de 18/10, estreia “Fausto” de A. Sokurov, considerado um dos melhores filmes do ano pela crítica especializada..
*Cineclube da Casa da Linguagem: Em parceria com a ACCPA, em Outubro acontecerá um ciclo em homenagem ao diretor Howard Hawks. Dia 23/10, será exibido “Scarface : Vergonha de uma Nação” (dia 23) às 18h com entrada franca.
*Cine Sesc Boulevard : Dia 24/10, em parceria com a ACCPA , será exibido o filme “Garapa” (foto) de Jose Padilha às 19h com entrada franca e debate com críticos.
* Feliz Círio para todos

domingo, 7 de outubro de 2012

CINE TROPPO - SEMANA DE 05 À 11/10/12

CINE TROPPO 
Marco Antonio Moreira Carvalho 

Crítica/DVD “O ESPELHO” 
O Espelho (Zercalo, União Soviética, 1975), dirigido por Andrei Tarkovskiy é denso, complexo e com muitas alternâncias de foco. Tarkovskiy, sujeito e objeto de uma investigação do passado, a memória é analisada, ele a pesquisa profundamente e o que descobre é mostrado em imagens com os recursos próprios da linguagem cinematográfica.A primeira sequência, em preto e branco, mostra uma mulher tentando corrigir a fala de um jovem que articula mal as palavras. Ela o submete a exercícios acompanhados de palavras indutoras. Como final da terapia ela pede para ele repetir uma frase e ele a repete articulando corretamente as palavras. Na verdade, a primeira cena, colorida, é a de um rapaz ligando um aparelho de televisão, observando o monitor iluminado e em seguida afastando-se lentamente com o olhar no televisor. Ainda com essa cena visível ouve-se a pergunta: “- Qual é o teu nome completo?” e desenvolve-se a sequência da mulher e do rapaz gago. Após o jovem articular corretamente a frase “Eu sei falar.”, em russo, claro, é que começa a apresentação escrita do filme, com o título seguido do elenco e dos demais créditos. Terminados os créditos, abre-se um plano geral de extenso terreno com vegetação baixa e árvores, até se perder no horizonte; em primeiro plano está uma mulher sentada em uma cerca de duas varas horizontais. Ela fuma um cigarro e olha para um vulto distante que vem em direção a ela. Uma voz masculina inicia a narração: O caminho que começava na estação cruzava a aldeia de Ignatieva e virava um pouco antes de chegar à nossa pequena fazenda, onde, antes da guerra, passávamos todos os verões. 
É o efetivo começo de uma das mais profundas e diversificadas análises da memória humana que assisti no cinema. Lembranças da infância à maturidade, o despertar da consciência, os relacionamentos familiares, remorso, culpa, desentendimentos, frustrações, o amor à pátria, o absurdo da guerra, a carga psicológica da mãe no relacionamento com a mulher, a disputa pelo filho, o despertar do amor, as incompreensões na hora da morte, o corpo, a alma enfim, a vida.Espaço e tempo não têm os limites da realidade nesta obra de Tarkovskiy. Ele os manipula criativamente avançando e recuando no tempo em diversas situações, deslocando as ações por espaços variados. Realidade, fantasia e delírio estão presentes com a mesma força expressiva. A formação do cogumelo durante a explosão de uma bomba atômica e o pouso de um passarinho na cabeça de um jovem, no conjunto, são tão significativos quanto o corpo de uma mulher flutuando horizontalmente, sem sustentação física, acima de uma cama e a movimentação da frágil vegetação com a passagem de um vento forte. 
Os poemas recitados, a narrativa em si e as especulações verbais interconectam as imagens em uma cinematografia especial. No início, após a chegada do homem que se aproximava da mulher, ele é um médico, depois de algumas palavras, ele senta-se na cerca que quebra ao peso dos dois. No chão, olhando para a vegetação, ele faz um discurso de exaltação à natureza: “- Caí e o que vejo...Raízes, arbustos [ele vai se levantando e continua argumentando para a mulher] Nunca lhe pareceu que as plantas também sentem, pensam, raciocinam até? As árvores, as aveleiras, [...] Estão calmos, livres de correria, da azáfama. Também das banalidades. Tudo isto só a nós diz respeito. Porque não acreditamos na natureza que está em nós. Sempre desconfiados, agitados. Sempre sem tempo para pensar.”. Tarkovskiy mostra logo que nos desconectamos da natureza e isto é ruim. 
No decorrer do filme, planos gerais e planos de detalhe dos ambientes naturais são incorporados funcionalmente ao drama humano. Na verdade, o diretor trata com muito cuidado, também, os ambientes internos, os compartimentos das casas, a arrumação dos móveis e dos objetos em cada espaço. Espelhos aparecem não apenas como elementos decorativos, mas como peças importantes para a sequência narrativa; frequentemente as imagens refletidas em espelhos são o foco principal da câmera, o destaque é na imagem no espelho. Não se espere compreensão fácil e muito menos completa. Lembranças são marcadas pela sensibilidade individual e pelas marcas que os fatos deixam nas pessoas, sujeitas às interpretações e preferências de quem as externa e que podem conter símbolos, exageros, fantasias e até delírios. No caso do cinema, as possibilidades de expressar lembranças das mais variadas praticamente são ilimitadas, indo de fatos reais a delírios. Imagens luminosas, palavras, música, ruídos, são elementos que podem ser utilizados com uma ampla liberdade, limitada apenas pela criatividade do realizador. 
A história de O Espelho é de Aleksandr Misharin e de Andrei Tarkovskiy, com poemas de Arseni Tarkovskiy recitados por ele mesmo. A fotografia de Georgi Rerberg e a música de Eduard Artemiev com trechos de Bach, Pergolése e Purcell, como em todo grande filme, sobretudo se complexo, abrangente e diverso em enfoques, são fundamentais na construção progressiva resultante de partes com características próprias, mas conectadas para harmonizar a obra. O Espelho reflete tudo isso, e muito mais; é instigante, perturbador, emocionante, belo. (Arnaldo Prado Júnior). 

*”O Espelho” foi exibido recentemente no cineclube Alexandrino Moreira, provocando um excelente debate entre a crítica especializada e o público. (Marco Moreira) 

ESTREÍAS DA SEMANA 
“Busca Implacável 2”, “Hotel Transilvânia” e “Até que a Sorte nos Separe”. 

Próximos Lançamentos (Destaques) 
“Fausto” de A. Sokurov (Dia 18/10 - Cine Estação) 
“Mostra de Filmes – TARZAN” (Dia 16/10 - Cine Olympia) 

AGENDA 
*Cineclube Alexandrino Moreira : Dia 15/10, será exibido o primeiro filme da Trilogia das Corês de autoria do cineasta polonês K. Kieslowski com “A Liberdade é Azul” às 19 h com entrada franca e debate. Os outros filmes da trilogia serão exibidos em novembro e dezembro, respetivamente. 
*Cine Olympia: Hoje é o último dia do festival de Terror com a exibição de “O Iluminado” de Stanley Kubrick às 18:30 h e entrada franca. De Terça (dia 09) à sexta (da 12), o Olympia vai exibir curtas-metragens sobre o Círio de Nazaré. Dias 13 e 14/10 não haverá exibição devido ao Círio de Nazaré. 
*Cine Líbero Luxardo: Enquanto o cinema está fechado para reformas, acontecerá o projeto Plano Sequência na Fonoteca Satyro de Mello (4º andar do Centur). No período de 04 a 06 e de 18 a 20 de outubro, às 19h, acontecerá a mostra Glauber Rocha com a exibição de "Memória de Deus e do Diabo em Monte Santo e Cocorobó" e "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Entrada Franca. 
*Cine Estação: A partir de 18/10, estreia “Fausto” de A. Sokurov, considerado um dos melhores filmes do ano pela crítica especializada.
*Cineclube da Casa da Linguagem: Em parceria com a ACCPA, em Outubro acontecerá um ciclo em homenagem ao diretor Howard Hawks com a exibição de “Onde Começa o Inferno” (dia 09) e “Scarface : Vergonha de uma Nação” (dia 23) às 18h com entrada franca..

Coluna Cineclube - Dia 13/10/24