domingo, 11 de dezembro de 2011

CINE TROPPO - SEMANA DE 09 À 15/12/11

CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho
Lançamentos da Semana
Caso não haja alterações de última hora, as estreias da semana são “Gato de Botas – 3D” e “Noite de Ano Novo”.
“Gato de Botas- 3D” mostra a história de um dos personagens mais populares do filme “Shrek”,o Gato de Botas.Antes de conhecer Shrek, o notório lutador e sedutor Gato de Botas torna-se um herói ao sair em uma aventura com a durona e malandra Kitty Pata-Mansa e o astuto Humpty Alexandre Dumpty para salvar sua cidade. Complicando a situação, os fora da lei Jack e Jill fazem de tudo para ver o Gato de Botas e seu bando fracassarem. Essa é a verdadeira história do Gato que virou uma lenda. Na versão original do filme, vozes dos atores Antonio Banderas (Gato Ed Botas), Salma Hayek (de “Frida”), Zach Galifianakis (de “Se Beber Não Case”), Billy Bob Thornton (de “A Última Ceia”), Amy Sedaris e Constance Marie. Produzido pela Dreamworks, o filme traz novas tecnologias de animação em 3D. Vamos conferir.
Enquanto a comédia romântica de sucesso “Idas e Vindas do Amor” se passou no Dia dos Namorados,”'Noite de Ano Novo” acompanha personagens durante a véspera de Ano Novo. O filme celebra o amor, a esperança, o perdão, uma segunda chance e um novo começo, no entrelaçamento de histórias de casais e solteiros, em meio à pulsação e promessas da cidade de Nova York, na noite mais deslumbrante do ano. No grande elenco, Halle Berry, Katherine Heigl, Sarah Jessica Parker, Lea Michele, Robert DeNiro, Zac Efron, Hilary Swank, Michelle Pfeiffer, Ashton Kutcher, Abigail Breslin, Jessica Biel, Jon Bon Jovi, Sofia Vergara, Taylor Swift, Hector Elizondo, Sienna Miller, Seth Meyers, Til Schweiger, Josh Duhamel, Ice Cube e Ryan Seacrest. A direção é de Garry Marshall (Uma Linda Mulher/O Diário da Princesa).

Cinema/Crítica
“MELANCHOLIA” de Lars Von Trier

O FIM É O INÍCIO ?
O cinema do diretor dinamarquês Lars Von Trier é objetivo. Nas imagens, nos diálogos, no corte, no enquadramento. Tudo é objetivo. Direto. Assim foi com “Europa”(1991), “Dançando no Escuro”(2000), “Dogville”(2003) e “Anti-Cristo”(2009) e assim é em “Melancholia”, seu novo filme. Movido pela razão de ver o mundo se desintegrar diariamente e pela emoção de ver o ser humano em desconstruir a fé e a esperança no mundo atual, Lars Von Trier realizou em “Melancholia” mais um filme provocador, sensível e radical. Aqui, um planeta chamado Melancholia está prestes a se chocar com a Terra, provocando o fim do mundo. A partir disso, deste fato trágico, os personagens de Lars Von Trier lentamente vão revelando as características dos seres humanos que fazem deste mundo ser ao mesmo tempo, o melhor e o pior lugar para se (sobre)viver: a intolerância, a hipocrisia, a crueldade, o amor, a desunião, a distância, a incomunicabilidade, o ódio, a indiferença.
A personagem interpretada por Kristin Dunst (com ótima interpretação) é que faz o elo de conexão com todos os personagens, reunidos para seu casamento. A dor que ela sente na possibilidade do fim do mundo certamente não é maior que a dor que ela tem em perceber que o mundo é cruel, que as pessoas são cruéis e que o ódio e a indiferença, prevalecem. Mas o que fazer? Mesmo assim, esta personagem quer viver, acreditar. Mas como? Lars Von Trier não apresenta caminhos de esperança. A opção aqui é o fim mais um fim que pode ser o início de uma nova era, de um novo mundo, de um novo ser humano? Provavelmente não. Realizado num momento de depressão do diretor, como ele mesmo revelou, “Melancholia” nos traz uma reflexão exata sobre o que vivemos hoje numa encruzilhada onde não sabemos para onde ir e nem como recomeçar. Afinal, este mundo está longe de ser perfeito.
Usando todo o seu estilo próprio de filmar com câmera manual, utilização precisa da trilha sonora, diálogos curtos mais profundos, silêncios que expressam mais que muitas palavras, aproveitando inteligentemente a iluminação para dar o visual certo de cada cena, Lars Von Trier pode parecer que aqui repete seu jeito de pensar o cinema mais na realidade, em “Melancholia”, ele alcança um outro patamar na sua obra, dentro do estilo que criou, usando este estilo inteligente e direto para causar no espectador as mais diversas emoções, de amor e ódio pelo seu filme, pela sua proposta. E aqui cabe uma pergunta: o cinema tem esse poder ou tudo não passa de muita pretensão de um cineasta louco que adora polemizar? Respondo que sim. O cinema tem esse poder e os cineastas realmente visionários e atrevidos como Von Trier sabem disso. Resta aos espectadores procurarem entender isso. Como poucas vezes vi no cinema, “Melancholia” é pertubador, em todos os sentidos. E por isso, é inesquecível em toda a sua intenção. Veja, sinta, pense. É isto que Lars Von Trier quer. (Marco Antonio Moreira).

AGENDA
* Cine Líbero Luxardo : Sábado, dia 17/12, acontecerá a última sessão Cult do ano, parceria do Cine Líbero Luxardo e a ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará). E para fechar com chave de ouro o ano, será exibido “Barry Lyndon” de Stanley Kubrick, produção de 1975. No século XVIII, jovem fazendeiro irlandês namora uma prima mas ela casa com um capitão inglês. O ex-namorado desafia este capitão para um duelo e vence. Uma vez perseguido engaja-se no exército na Guerra dos Sete Anos mais acaba na armada prussiana e protegido por um jogador irlandês que o leva à Inglaterra e ao casamento com a nobre Lady Lyndon o que o leva à fortuna mais a muitos inimigos. Com uma belíssima fotografia de John Alcott, “Barry Lyndon” é um dos grandes filmes de Kubrick.A sessão será às 15 h (pelo fato do filme ser longo) e logo em seguida acontecerá o já tradicional debate entre o público e a crítica. Entrada franca. Não deixe de ver.
* Cine Olympia: “Acácio” de Marilia Rocha está em exibição com sessão única às 18:30 h. O filme mostra a história do etnólogo português Acácio Videira, que depois de 30 anos retorna ao Brasil, trazendo na bagagem um extenso registro material da vida dos povos angolanos e dos colonos portugueses. Na semana do Natal, será exibido normalmente o clássico “A Felicidade não se Compra” de Frank Capra, numa exibição tradicional que acontece em Belém há décadas. Entrada franca.
*Cine Sesc Boulevard : “Em parceria com a ACCPA, será exibido dia 14, quarta-feira, “A Viagem do Capitão Tornado”, belo filme do diretor italiano Ettore Scola. A sessão acontecerá às 19 h no auditório do Sesc Boulevard (em frente a Estação das Docas) com entrada franca.

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