domingo, 26 de junho de 2011

CINE TROPPO - SEMANA DE 24 À 30/06/11





CINE TROPPO
Marco Antonio Moreira Carvalho
Lançamentos da Semana
Caso não haja alterações de última hora, a estréias da semana é “Carros 2”.
Em “Carros 2”, Relâmpago McQueen e o inigualável carro-guincho Mate levam sua amizade a novos e emocionantes destinos internacionais quando viajam ao exterior para disputar o primeiro Grand Prix Mundial que determinará quem é o carro mais veloz do planeta. Mas a estrada para o título é cheia de buracos, desvios e surpresas hilárias e Mate acaba se envolvendo em uma outra aventura emocionante: espionagem internacional. Dividido entre ajudar Relâmpago McQueen em sua importante corrida e uma missão secreta de espionagem, a viagem de Mate será de muita ação e perseguições explosivas pelas ruas do Japão e da Europa, seguido por seus amigos e observado por todo o mundo. Um elenco de carros novos e coloridos acrescenta ainda mais diversão, incluindo agentes secretos, vilões ameaçadores e competidores internacionais.Na versão brasileira, Emerson Fittipaldi dubla um dos carros de corrida mais poderosos e respeitados do Gran Prix Mundial Na versão original, vozes de Owen Wilson, Richard Petty, Bonnie Hunt,John Ratzenberger e Cheech Marin. Detalhe: “Carros”, o primeiro filme, conquistou alguns dos principais prêmios de animação de 2006. O filme de John Lasseter levou o troféu de melhor animação do ano no 34º Annie Awards, considerado o “Oscar” da animação.


CINE LÍBERO LUXARDO – 25 ANOS
Hoje, o cine Líbero Luxardo completa 25 anos de fundação. Para destacar este grande momento do cinema alternativo paraense, entrevistei a gerente atual do cinema, Patrícia Lio, que fala sobre sua relação com o cinema e as futuras programações:
1) O que representa para você o Cine Líbero Luxardo completar 25 anos de atividades sendo um dos cinemas alternativos mais importantes da cidade?
R - Tenho um carinho especial pelo Cine Libero, um amor adolescente que acabou virando um namoro sério, quando há um mês assumi a gestão do espaço. Sei da importância do Cine Libero na história de cada espectador que passa por aqui, e como difusor do cinema nacional e estrangeiro, que ainda tem pouco espaço no circuito comercial.Pra mim e pra muita gente, é o cinema alternativo mais importante e charmoso da cidade, onde passaram e passam várias figuras expressivas do meio audiovisual, além do público fidelíssimo e participativo. É gratificante ajudar a contar essa história, junto ao cinema. Vida longa ao Cine Libero!
2) Na sua opinião, o que os espectadores esperam da programação do Cine Líbero Luxardo?
R - O cine Libero, é um cinema muito querido por um público de diferentes gerações, um público exigente que busca um tipo de cinema, além de entretenimento, que acrescente de alguma forma. Acredito que os espectadores esperam uma programação comprometida com o acesso da população a filmes, mostras, debates,que ultrapassem a diversão, que agregue, apresentando novos formatos, experiências audiovisuais e também resgatando a história do cinema.Hoje contamos com uma programação semanal que contempla o cinema mundial contemporâneo, e a Sessão Cult, quinzenalmente aos sábados. No segundo semestre teremos a Mostra de Cinema Espanhol e Mostra Cinema de Direitos Humanos, além dos projetos que pretendemos colocar em prática até o ano que vem.
3) Quais são os planos para comemorar o aniversário dos 25 anos do cinema ?
R -O projeto de comemoração vai presentear o público com a exibição de 5 filmes sugeridos por pessoas que fizeram parte da história do cine Libero, o que inclui gestores que passaram por aqui, cinéfilos, espectadores e criticos de cinema. Cada um indicará um filme que foi exibido durante os 25 anos do Cine Libero. Os cinco filmes serão elegidos pelo público através de uma enquete, que será lançada na semana que vem, onde os cinco filmes mais votados entrarão na Sessão Regular da segunda quinzena de agosto. Além disso, estamos planejando outras exibições que por enquanto são surpresas.

Críticas/”Meia-Noite em Paris”
WOODY ALLEN EM PARIS
O cinema é a mentira 24 quadros por segundo. O cinema é a reinvenção da realidade. O cinema é realidade da forma com nunca ela é. O cinema de Woody Allen nega e afirma tudo isso. Seus filmes são tão neo-realistas quanto surrealistas. Seus filmes criam mundos e personagens que parecem existir apenas na sua mente, mas na realidade estão aqui, agora. Sonhando, procurando, desejando, os personagens de Allen podem estar em New York, Espanha, Inglaterra ou na França, mas estão sempre em busca de algo maior. Aqui, no belo “Meia-Noite em Paris”, um escritor de Hollywood está insatisfeito com seu presente e idealiza a Paris dos anos 20 como o lugar e o tempo da perfeição. De forma surreal, seu sonho virá realidade e ele vai para a Paris dos anos 20 e encontra vários personagens que admira, inclusive um amor verdadeiro. Mas num determinado momento, como em vários personagens de Allen, ele descobre que o sonho é a idealização de uma realidade que nunca durará demais e volta a sonhar na realidade, com o que é possível, assim como deve ser, assim como é o cinema de Woody Allen. Irônico, poético, engraçado, criativo, “Meia-noite em Paris” provoca fortes sentimentos de amor pela vida e pelo que ela realmente pode nos oferecer. Sonhar é necessário, diz Allen. Mas para viver, a inevitável realidade é fundamental. E nada melhor do que perceber isso vendo estas reflexões de um jovem artista de 76 anos como Woody Allen que sempre tem algo interessante a nos dizer, de forma sensível e inteligente. (Marco Antonio Moreira)

AMERICANOS EM PARIS
Woody Allen, aos 75, é o novo americano em Paris. Mas não usa a música de George Ghershwin (“An American in Paris”). Prefere Cole Porter. E vê no passado da capital francesa, para onde embarca em seu novo alter-ego, o escritor Gil (Owen Wilson), escritores americanos de passagem e alguns pintores espanhóis (só num mergulho mais avançado no tempo encontra Toulouse Lautrec inspirando-se no Can Can). “Meia Noite em Paris”(Midnight in Paris) é imaginoso como foi “A Rosa Púrpura do Cairo” e “Desconstruindo Harry”. Cheio de citações eruditas (cita até James Joyce comendo qualquer coisa ), consegue equilibrar um orçamento que em 2006, quando o roteiro foi concebido, teria sido inviável, apelando para uma direção de arte econômica embora esteja acima dos últimos trabalhos do autor (e WA é autor de cinema).
A meu ver a delicia de lembranças esquece o básico: René Clair. O cineasta francês (era o único em sua época que pertencia a Academia Francesa) esteve nos EUA e namorava o surrealismo sem exagerar no tom da dupla Dali & Buñuel(citada). Basta lembrar “O Tempo é uma Ilusão”(It Hapened Tomorrow), onde se lia o jornal do dia seguinte, e, principalmente, “Esta Noite é Minha”(Les Belles de la Nuit) onde uma viagem temporal semelhante a que se vê agora mostra que saudosismo é doença crônica(até um velho troglodita reclamava por seu tempo). Mas é no ritmo, principalmente, que se sente a influencia de Clair. O ritmo de vaudeville só não é maior porque a sensibilidade cultural (ou nacional) difere. Sem citar o mestre francês, mesmo assim, a noite parisiense de Allen, revelando uma paixão pela França com direito a botar a Primeira Dama no elenco, é muito divertida. Um exemplar do cinema para a inteligência, receita cada vez mais rara no mundo Marvel de hoje.(Pedro Veriano)

UMA CIDADE, DUAS VERSÕES
As primeiras tomadas de “Meia Noite em Paris” (Midnight in Paris, EUA, 2011) de Woody Allen, referem um tempo, uma estação, um estado d’alma de um jovem que ama a cidade-luz, ama ou supõe amar sua noiva com quem está preste a casar-se, mas se sente perdido em meio aos seus desejos, de ficar com esses dois amores e não saber como compartilhar seus ideais. E ao aproveitar um sentido metafórico de “viajar no tempo”, consegue esse convívio, pelo menos em instantes onde circula com seus “cicerones” por templos dedicados à cultura literária e artística de outro tempo, o dos anos vinte. Emocionado ao encontrar-se entre figuras sobre as quais tem informações tanto das obras que produzem como de inusitadas excentricidades pessoais, o escritor (Owen Wilson) visita lugares onde se acham personalidades da literatura, pintura e cinema como Ernst Hemminway, Zelda e F.Scott Fitzgerald, T.S. Elliot, Pablo Picasso, Gaugin, Toulouse Lautrec, Salvador Dali e até o cineasta Luis Buñuel. Na cadência de uma trilha sonora de autoria de Cole Porter, revê seu interior refletido nesse tempo e prefere acompanhar outra jovem que como ele ama a chuva caindo na cidade, molhando o corpo, fazendo renascer quem quer ser um sonhador, criador, enfim, alguém que achou no sonho de ontem a liberdade de expressão e de viver.
Jean-Luc Godard deu uma versão diferente à sua cidade em “Duas ou Três Coisas Que Eu Sei Dela (2 ou 3 choses que je sais d'elle, 1967) considerado uma comédia dramática. Em 87 minutos ele refere duas personagens – Paris e Juliette Janson (Marina Vlady) e vai circulando e documentando o tempo que tantas mudanças trouxe à vida da metrópole e das pessoas. Esboça a “nova” Paris impactada com os acontecimentos mundiais. Trata do aqui e agora “dela”, da cidade que entrou no ranking das sociedades de consumo, de conflitos demonstrativos da luta das superpotências como a guerra do Vietnã e gravita em torno “dela”, de Juliette, uma dona de casa que circula entre os cuidados com a família e a prostituição, melhor meio de ganhar dinheiro e satisfazer seus desejos, para alguns, frivolidades, para ela, sonhos de sobrevivência. Entre as duas versões, os caminhos do cinema se cruzam e nos dão um painel de tempos sociais e onde emoções e desejos revelam-se os construtores de identidades. Se Allen refletiu a Paris repleta de intelectuais norte-americanos, Godard deu vazão à sua maneira de ver o mundo despojado desses sonhos, mas demonstrando saber mais “dela” do que outros que se aventurem a amá-la. É a sua Paris sufocada pelos bombardeios de todos os matizes. (Luzia Álvares)

AGENDA
* Cineclube Alexandrino Moreira: O cineclube, em parceria com a ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará) exibirá amanhã o filme espanhol “O Espírito da Colméia” de Victor Erice com Anna Torrente (Cria Cuervos) no elenco. O filme será exibido às 19h com entrada franca e o tradicional debate entre o público e críticos da ACCPA. .
*Cine Líbero Luxardo: “Machete” de Roberto Rodriguez ainda está em exibição. No elenco, Robert de Niro, Michelle Rodriguez e Jessica Alba. No dia 02/07, sábado, na sessão Cult em parceria com a ACCPA, será exibido o clássico “Johnny Guitar” de Nicholas Ray às 16 h com entrada franca e debate..
*Cine Olympia: Continua a mostra de filmes Brasil-Alemanha, numa parceria do cinema com o Instituto Brasil Amazônia. Confira a programação completa no site www.cinemaolympia.com. Entrada franca com sessão única às 18:30 h.Na sessão Nostalgia,hoje às 16 h será exibido o clássico “À Noite Sonhamos” sobre a vida do compositor Chopin. Entrada franca.

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Coluna Cineclube - Dia 29/01/23